A promotoria do Peru conseguiu nesta terça-feira a primeira condenação por um caso ligado à corrupção que envolve a construtora Odebrecht no país e que desde 2016 provocou um terremoto em todos os níveis na classe política local. A histórica sentença de oito anos e três meses de prisão teve como alvo César Alvarez, ex-governador da rica região mineira de Ancash entre 2007 e 2014, quando foi outorgada a construção de uma rodovia para a Odebrecht em troca de US$ 2,6 milhões.
A juíza Nayko Coronado sentenciou Alvarez pelo delito de corrupção na modalidade de conluio agravado e negociação incompatível a favor da construtora brasileira. O promotor anticorrupção de Ancash, Elmer Chirre, disse a jornalistas que, para documentar o caso, não necessitou da ajuda de colaboradores eficazes nem de informação do exterior, diante da contundência dos delitos.
O ex-governador sentenciado, de 52 anos, já estava preso preventivamente desde 2014 por ordem de um magistrado, após ter sido apontado como suspeito de ordenar o assassinato de um juiz que o acusava de liderar uma organização criminosa que havia desviado dinheiro público da outrora rica região, hoje em ruínas. Por este segundo caso, a promotoria pede 30 anos de prisão.
Como em toda a região, as investigações anticorrupção no Peru provocaram caos na elite política de todas as tendências ideológicas e em todos os níveis de poder, inclusive ex-presidentes, ex-governadores e ex-prefeitos. Todos os ex-presidentes peruanos de 2001 a 2018 são investigados e um deles – Alan García (2006-2011) – se suicidou com um tiro na cabeça para evitar ser detido enquanto era investigado por seus vínculos com a Odebrecht. Fonte: Associated Press.