Sete por cento dos sacerdotes católicos da Austrália já foram acusados de abuso sexual contra menores de idade nas últimas décadas, afirmou a advogada Gail Furness nesta segunda-feira. Autoridades que investigam abusos em todo o país revelaram pela primeira vez o alcance da crise.
As estatísticas foram divulgadas durante discurso de abertura de uma audiência da Comissão Real da Austrália sobre a resposta institucional ao abuso sexual infantil. A comissão é a forma máxima de investigação na Austrália e desde 2013 estuda a forma pela qual a Igreja Católica e outras instituições responderam aos abusos contra crianças durante décadas.
A comissão já escutou testemunhos de dezenas de pessoas que sofreram abusos de clérigos. Mas a escala total do problema nunca esteve clara até esta segunda-feira, quando as estatísticas da comissão foram divulgadas. Entre 1980 e 2015, 4.444 pessoas denunciaram abusos em mais de mil instituições católicas em toda a Austrália, disse Gail Furness, a principal advogada que participa da comissão. A idade média das vítimas era 10,5 anos no caso das meninas e 11,5 no dos meninos.
No total, 7% dos sacerdotes da Austrália entre 1950 e 2010 foram acusados de abusar sexualmente de menores, de acordo com a advogada.
Diretor executivo do Truth Justice and Healing Council, que coordena a resposta da Igreja Católica à investigação, Francis Sullivan disse que os dados refletem o “enorme fracasso” da Igreja na proteção dos menores. Sullivan qualificou os números como “impactantes” e “indefensáveis”.
O Vaticano acompanha o processo de perto. O cardeal George Pell, que era a máxima autoridade católica da Austrália antes de se tornar o principal assessor financeiro do papa Francisco, depôs anteriormente sobre como as autoridades eclesiásticas responderam a acusações de abusos durante sua época no país. Varias autoridades católicas australianas prestarão depoimento nas próximas semanas. O relatório final da comissão deve sair no fim deste ano. Fonte: Associated Press.