Seria mais uma segunda-feira comum de trabalho para a segurança Marilene Bergentino Santana, de 36 anos: dia de acordar de madrugada e ir ao serviço, que tem início às 7 horas. Mas ao entrar no ônibus nesta segunda-feira, 6, ela percebeu um agito diferente e, alguns minutos depois, entendeu o porquê. Ao seu lado, sentou-se o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
No mesmo ônibus, da linha 6450/10, entraram Doria e Marilene, outros passageiros, funcionários da Prefeitura e equipes de jornalismo por volta das 6 horas. O prefeito escolheu o trajeto para fazer sua primeira viagem da gestão e marcou com a imprensa às 5h50 no Terminal Capelinha, na zona sul. Ele chegou às 5h30. Tomou café, conversou e posou para selfies com passageiros.
Já no coletivo, ao sentar ao lado de Marilene, o prefeito quis saber o que ela achava da linha. A segurança reclamou que nesta segunda em especial chegaria atrasada no trabalho.
“O motorista está andando muito devagar. Normalmente, chego no trabalho faltando 10 minutos para as 7 horas”, disse a passageira, mirando os ponteiros do relógio: eram 7h15.
Doria quis saber por que o motorista trafegava com velocidade reduzida e foi informado que era para evitar a queda de fotógrafos e cinegrafistas.
Para justificar o atraso ao chefe, Marilene fez uma selfie com o prefeito. “Quando mostrar essa foto, vou ganhar até almoço de graça no serviço”, afirmou, exibindo a imagem no celular. Disse estar contente de encontrá-lo no ônibus e o chamou de “coroa bonito”, mas também lamentou que não poderia tomar café da manhã. “Só terei dez minutos para trocar de roupa.”
Nesta segunda, ela saiu de casa, no Capão Redondo, na zona sul, e seguiu para o Terminal Capelinha. Lá, pega todos os dias um coletivo para o ponto final, no Terminal Bandeira, no centro da cidade. Na região, trabalha de segurança em uma empresa.
Rapidez no terminal
Na plataforma para pegar o ônibus, ainda no Terminal Capelinha, Marilene e outras passageiras comentavam, surpresas, a rapidez com que os ônibus chegavam e saíam na presença do prefeito.
“Normalmente, esperamos uns 15 minutos. Hoje não teve comparação. Todo mundo estava falando na fila. O Doria que não avisou que viria, mas os motoristas veem a imprensa e já vai ligando o motor para mostrar serviço”, disse a segurança.
Quem também notou diferença nesta segunda foi a cozinheira Maria do Carmo Moreira de Jesus, de 54 anos, moradora do Capão Redondo.
“Hoje, os ônibus estão vindo todos novinhos, mas geralmente são muito sujos. E geralmente passa de 15 em 15 minutos. Só porque ele (Doria) estava aqui, veio de um em um minuto”, afirmou Maria do Carmo.
No trajeto da periferia para o centro, Doria questionou aos passageiros do ônibus que nota dariam, de 0 a 10, para a linha. Assim como Marilene, Maria do Carmo foi abordada pelo prefeito e deu nota 7 para a linha, nota média no saldo divulgado pelo prefeito.
A auxiliar de expedição Ilanir Marques, de 57 anos, também apontou que antes das 7 horas costumam circular ônibus mais velhos. Moradora do Campo Limpo, na zona sul, ela conta que consegue ir sentada para o serviço, na região de Santo Amaro, porque prefere ficar aguardando para entrar em um coletivo mais vazio.
Ao chegar ao Terminal Bandeira, Doria reforçou que a experiência foi uma surpresa e que ocorreu sem aviso. “O prefeito vai fazer isso pelo menos uma vez por semana”, disse. A próxima linha a ser percorrida deve sair da zona leste da cidade.