O ministro da Defesa, Raul Jungmann, eximiu nesta segunda-feira, 13, o governo Michel Temer de responsabilidade sobre o terror e a falta total de ordem pública que atingiu o Espírito Santo, antes do envio das Forças Armadas e da Força de Segurança Nacional na última segunda-feira, 6, àquele Estado, em razão do motim da Polícia Militar.
Segundo ele, tão logo o governador em exercício César Colnago pediu ajuda das forças de segurança federais, o atendimento foi rápido. “O pedido formal do governo estadual chegou às 10 horas de segunda e, às 17 horas, já tínhamos homens em Vitória”, explicou o ministro em entrevista concedida nesta manhã (13) à Rádio Estadão.
“Desde segunda-feira, quando iniciamos nossa ação, embora algumas mortes ainda tenham acontecido, o que diz respeito à ordem pública foi restabelecido, não houve mais arrombamentos e arrastões. As Forças Armadas atuaram com eficiência e velocidade”, disse. Desde o início do motim, há 10 dias, cerca de 150 pessoas morreram no Estado, de acordo com balanço do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo.
Neste domingo, 12, após reunião com o presidente Michel Temer, Jungmann chegou a admitir que a crise na segurança pública capixaba trouxe desgaste para a imagem do País porque, de fato, há uma situação de intranquilidade na população. Mas, questionado se o presidente da República demorou a se pronunciar sobre o caso, o ministro afirmou que mais importante que falar é agir. “Assim que Temer recebeu a ligação do governador em exercício, ordenou imediatamente a nossa ação, o que alivia a população”, argumentou.
Jungmann disse, ainda, que, segundo o informe preliminar do Comandante Militar do Leste, os serviços básicos, como bancos, transporte público e escolas, estão se normalizando na Grande Vitória, e, embora não tenha informações sobre o interior, afirmou que acredita que tudo também esteja caminhando para a normalidade.
O ministro afirmou que 1,4 mil policiais militares já voltaram ao trabalho nesta segunda-feira, 13, e que, ao longo do dia, esse número deve aumentar. Segundo ele, muitos PMs foram impedidos de trabalhar pelos grevistas mais radicais, mas, para Jungmann, o movimento deve perder força, uma vez que a capacidade de pressão do motim era o medo da população, que agora está recuperando a normalidade. “Os policiais amotinados estão num beco sem saída.”
Jungmann informou que há ainda 3.130 homens das Forças Armadas e da Força Nacional nas ruas capixabas, efetivo maior do que a Polícia Militar normalmente mantém em patrulhamento. O reforço deve ficar no Estado até o dia 16, mas esse período pode ser estendido por Temer caso haja alguma avaliação nesse sentido do governo estadual.
Sobre a situação no Rio de Janeiro, o ministro admitiu que há um protesto similar ao capixaba, e que está acompanhando a situação, mas lembrou que os policiais não estão aquartelados. “Estou em contato com o governador Pezão, que disse que quase 100% do efetivo está na rua. De qualquer maneira, o Comando Militar do Leste está preparado para ocupar posições em caso de qualquer eventualidade”, disse.