Uma associação que reúne 14 empresas na zona norte de São Paulo, como Gerdau, JBS, Natura, Pão de Açúcar e outros, e representantes de comunidades do Parque Anhanguera, acusam a empresa Loga, uma das duas concessionárias da coleta de lixo da cidade, de usar fotos de eventos organizados pela vizinhança para ilustrar prestações de contas de ações supostamente feitas pela empresa para esclarecer a região sobre instalação de estação de transbordo de lixo.
A Loga, contratada da Prefeitura desde 2012, não se posicionou sobre o assunto. A polêmica começou no início do mês e foi um dos temas de uma reunião entre representantes do bairro e da Prefeitura, realizado ontem. O relatório produzido pela Loga apresentava relato das ações para esclarecer a comunidade sobre estação, mas trouxe imagens de eventos convocados por outras entidades, para discutir outros assuntos. Duas das reuniões mostradas nas fotos são de eventos da Comunidade Viva, uma associação comunitária patrocinada pela Natura. A entidade fez circular um comunicado em que diz avaliar que ocorreu uma “apropriação indevida do movimento”.
No texto, a associação diz que representantes da Loga foram convidados a participarem de encontros por causa da natureza do trabalho dela – a coleta de lixo. “É importante ressaltar que essas ações nunca tiveram como objetivo ou estavam a serviço da promoção ou discussão da instalação do transbordo da Loga na região”.
A briga entre representantes comunitários e a Loga vem desde 2013, quando a notícia da instalação de um “lixão” chegou no bairro. Em 2015, durante as discussões sobre as mudanças na Lei de Uso e Ocupação do Solo, a vizinhança chegou a conseguir alterar, em primeira votação, o zoneamento do lote da Loga, mas na segunda votação o local continuou sendo zona industrial, o que permite a instalação da estação.
“A Loga trata da questão do lixo apenas como uma questão logística. Levar o lixo para a estação, depois para o aterro. Não há uma discussão sobre a redução da geração de resíduos, aumento da coleta seletiva e outra ações dessa natureza”, diz a representante da Associação das Empresas do Parque Anhanguera (Assoempar), Vivian Toledado, que reúne as companhias instaladas ali.
Entre os principais problemas esperados com a abertura da estação está o aumento do tráfego de caminhões. “Eles dizem que, com essa estação, vão tirar 150 caminhões da Marginal do Tietê. O que é isso? Só na Ceagesp, passam 14 mil por dia. 150 não é nada para o trânsito da cidade, mas vai ser muito na minha rua”, disse a líder comunitária Rose Dias, de 55 anos.
Reunião
Com a mudança de gestão da Prefeitura, empresas e moradores tentaram ontem uma aproximação com o novo governo para tentar barrar o empreendimento da Loga.
Receberam do presidente da Autoridade Municipal de Limpez Urbana (Amlurb), Edson Tomaz, o compromisso de que as informações repassadas pela Loga sobre os canais de diálogo com a comunidade seriam alvo de uma apuração.
Ao Estado, entretanto, a Amlurb não comentou as acusações. Disse que “em atendimento ao marco contratual e à necessidade para o gerenciamento de resíduos no agrupamento noroeste, está prevista a entrega da segunda estação de transbordo pela Loga na região”.
A Prefeitura informou ainda que as estações de transbordo são fundamentais para a cidade, pois retiram caminhões de circulação, e que essa estação deve beneficiar 27 distritos. No texto, a Amlurb diz que a estação será em um galpão fechado, com dispositivos para impedir contaminação do ar e do solo e com isolamento acústico. “Em atendimento ao marco contratual e à necessidade para o gerenciamento de resíduos no agrupamento noroeste, está prevista a entrega da segunda estação de transbordo pela Loga na região.”
A Loga foi procurada, mas não comentou as acusações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.