O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu nesta terça-feira, 18, que o governo de Mato Grosso pagou um total de R$ 18,32 milhões à Odebrecht, de dezembro de 2006 a abril de 2007, entre o final do primeiro mandato e o início de seu segundo mandato como governador daquele Estado. Em entrevista à Rádio Capital FM, de Cuiabá (MT), Maggi disse que o valor seria parte de uma dívida de R$ 21,378 milhões que o Estado tinha com a construtora, que foi parcelada. O ministro refutou novamente que o valor destinado à construtora tenha qualquer tipo de relação com um suposto pagamento de R$ 12 milhões feito pela Odebrecht a sua campanha à reeleição, em 2006. Segundo os delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão, da Odebrecht, Eder Moraes Dias, ex-secretário no primeiro governo de Maggi, teria condicionado o pagamento da dívida ao recebimento do valor para a campanha.
“O então presidente da MT Fomento (Eder) não tinha participação na campanha eleitoral, nunca fez parte de comissão, de arrecadação, de organização e não tinha função dentro da campanha em 2006. Não tenho os dados de 2006 para trás, mas houve um reconhecimento da dívida de R$ 21,378 milhões (com a Odebrecht) a ser paga em sete parcelas a partir de dezembro de 2006, portanto após a campanha”, disse Maggi. Logo após a divulgação da lista de Fachin, há uma semana, ele negou qualquer relação com a construtora.
Segundo o ministro, os pagamentos foram feitos até 13 de abril de 2007, “portanto longe da campanha eleitoral”, num total de R$ 18,32 milhões. Na entrevista, ele não explicou o motivo de o restante do valor para chegar ao total da dívida ainda não ter sido pago. “Não resta dúvida que esse dinheiro não chegou para a campanha, porque foi pago em 2007”, informou. Além disso, seria “impossível”, segundo Maggi, que se cobrasse o pagamento de R$ 12 milhões em suposta contribuição para campanha por conta de uma dívida do valor que de Mato Grosso tinha com a Odebrecht.
Na entrevista, Maggi reafirmou que “jamais” pensara em estar na lista. “Jamais tive relações com esse pessoal e continuo na mesma tese”, justificou. Ele lembrou que existe apenas a investigação em curso, disse esperar que o pedido seja arquivado por falta de materialidade, mas admitiu o incômodo com a situação.
“Confesso que é uma situação inusitada, muito ruim, que desmonta a gente. Estou absolutamente derrotado internamente. Estou fazendo um esforço gigante para poder estar de pé, estar trabalhando (…), mas isso faz parte da vida e não tem como fugir”, disse Maggi. “Eu espero, já na primeira etapa, que consiga sair desse processo, porque é muito desconfortável e não condiz com a realidade (…), mas tenho de responder”, concluiu.