Marcelo Odebrecht, delator e herdeiro do grupo que leva seu sobrenome, entregou à Operação Lava Jato documentos para tentar comprovar a realização de pagamentos ao PSDB a pedido do presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG). O ex-presidente da construtora apresentou ao Ministério Público Federal (MPF) registros da portaria do condomínio onde mora em São Paulo para demonstrar que o tucano o visitou para tratar de apoio financeiro.
Réu na Lava Jato e preso desde 19 de junho de 2015, o empreiteiro disse que Aécio jantou em sua casa em 26 de maio de 2014, no qual teria acertado “pagamentos mensais para o PSDB” em dez parcelas. Os documentos têm a placa do veículo do tucano e o horário em que ele entrou no condomínio (20h50).
“Pelo que me recordo foi no montante de R$ 500 mil, para bancar os gastos de pré-campanha”, disse. “Eram valores relevantes de pré-campanha para 2014 e que foram operacionalizados ou pagos ao PSDB, antes da abertura do comitê dele, ou por caixa 2”, disse Marcelo.
Os documentos entregues por Marcelo constam de um dos cinco inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência da delação da Odebrecht.
A assessoria de imprensa do senador tucano negou que Aécio tenha tratado “de qualquer tema ilícito” nos “diversos encontros sociais” que teve com Marcelo. Com relação ao registro da portaria, a assessoria disse que ele não possibilita afirmar que teriam sido acertados, naquele dia, “pagamentos mensais para o PSDB, antes de a campanha presidencial ter se tornado oficial”.