O Jockey Club de São Paulo quer se popularizar. Para voltar a ter arquibancadas cheias, trazer um público mais jovem para o turfe paulistano e afastar as dificuldades financeiras, o clube estuda criar uma série de atrações extras em seus 640 mil m², no coração da zona oeste. Na mesa, estão opções como museus, teatros e mais restaurantes – além de planos mais ousados, como a criação de um novo cartão-postal para a cidade: uma roda-gigante ao estilo da London Eye.
Capitaneando as análises está Benjamin Steinbruch, de 63 anos, recém-empossado como presidente do conselho diretor do clube e um dos mais bem-sucedidos empresários do País – presidente do conselho de administração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele diz que o renascimento do Jockey passa por “integrar o clube na sociedade e a sociedade dentro do clube” e espera contar com a parceria do prefeito João Doria (PSDB) para viabilizar as mudanças, preservando a arquitetura tombada, as áreas verdes e as obras de Victor Brecheret instaladas ali.
Planos. O diagnóstico é que, nas últimas décadas, o Jockey Club deixou de ser uma atração na cidade, ao passo que o esporte, em si, continuou importante. “É uma coisa até engraçada. O Rio, no turfe, é quase o dobro de São Paulo. E é a única atividade, eu acho, em que o Rio é o dobro de São Paulo”, afirma.
Ainda sem definições, a gestão Doria tem entendimento de que a saúde financeira do clube passa pela cessão de partes do terreno para o setor imobiliário, que poderia construir arranha-céus nas áreas não tombadas do terreno. A dívida de impostos do clube com a cidade é estimada em R$ 250 milhões.
“Temos uma capacidade de construção que é definida por lei e, no momento oportuno, quando tivermos as definições, vamos apresentar um projeto para a Prefeitura. Mas é mais do que isso: a gente quer fazer um projeto que seja referência para São Paulo”, argumenta Steinbruch. “Quando falo em um entendimento, é como a gente faz para maximizar esse potencial que nós temos aqui no Jockey Club para atender os interesses do clube e da cidade.”
“Então, colocar uma roda-gigante igual a que tem em Paris e Londres é legal? Eu acho que é legal. Seria um negócio bacana, um marco, uma referência. Não tem nenhuma dessas na América do Sul. Se for, seria legal. Fazer um museu? Bacana. Um teatro? Bacana. Fazer coisas ao ar livre? Sim. Agora, a gente tem de compor um projeto que vai ser uma referência”, afirma.
Essas atrações serviriam para trazer mais gente para o espaço. E, assim, mais fãs para as corridas. “Uma coisa que afasta o público da arquibancada é que hoje as apostas são virtuais. Você em São Paulo pode apostar aqui, pode apostar no Rio, em Porto Alegre, em Nova York, onde quiser”, diz Steinbruch.
A saída está, exemplifica, no próprio Jockey. “Você tem um restaurante aqui, o Iulia, que nos fins de semana recebe 1,5 mil jovens. Uma juventude bonita, sadia, que vem aqui, se diverte, frequenta – está ali. Como a gente faz para tirar o pessoal que está ali e trazer 50 metros mais para a tribuna?”
Para ser mais acessível, hoje e amanhã, no Grande Prêmio São Paulo, principal data do turfe paulista, não haverá obrigação de gravata entre os homens – está restrita à tribuna superior. E as arquibancadas estão abertas.
Mas trazer mais gente também passa por fazer mais corridas. E isso implica mais cavalos nas cocheiras. “Atualmente, temos 700 cavalos. Com essa quantidade, você não consegue ter mais de uma corrida por semana”, afirma o presidente. O Jockey já chegou a ter 3,5 mil há 20 anos, comenta Steinbruch.
Sócios. Mesmo entre sócios que concorreram contra Steinbruch, a observação é de que a nova diretoria está no caminho certo. “A Prefeitura sempre foi uma dificuldade, mas agora parece que a nova gestão é mais aberta”, afirma o advogado Vicente Paolillo, sócio do clube. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.