A mãe de santo Beatriz Moreira Costa, a Mãe Beata de Iemanjá, morreu na manhã deste sábado, aos 86 anos, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele foi ialorixá do terreiro Ilê Omi Oju Aro, que recebeu o prêmio de Patrimônio Cultural, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2015, em reconhecimento pelo trabalho de preservação da cultura africana. A religiosa era conhecida pela intensa atuação contra o preconceito racial e intolerância religiosa. Foi ainda presidente da Criola, organização de mulheres negras que atua contra o racismo, o sexismo e a violência contra a mulher.
Beatriz nasceu numa encruzilhada de Cachoeira de Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, em 20 de janeiro de 1931. Sua mãe havia entrado em trabalho de parto quando pescava dentro de um rio. Não houve tempo de voltar à casa. Mudou-se para Salvador na década de 1950. Em 1969, já separada e mãe de quatro filhos, migrou com as crianças para o Rio de Janeiro. Foi figurante e, depois, costureira da TV Globo, empresa na qual se aposentou. Em 1985, fundou seu terreiro no bairro Miguel Couto, em Nova Iguaçu, que passou a ser referência de resistência cultural e religiosa.
Sem ensino formal – estudou apenas até o terceiro ano primário -, Mãe Beata de Iemanjá escreveu três livros, e era defensora da oralidade como forma de transmitir ensinamentos. “O papel, o vento leva e a chuva molha. O que Olorun põe na nossa cabeça ninguém pode tirar”, defendia. Ao longo da vida, reuniu-se com autoridades, presidentes, discursou durante a Rio-92 e esteve entre os líderes religiosos escolhidos para enviar as bênçãos para os jogadores que disputaram a Copa de 2014, ao lado do papa Francisco.
A morte da religiosa foi comunicada pelo filho Adailton Moreira, pelo Facebook. A causa da morte não foi informada. O enterro está marcado para o fim da tarde deste sábado, no Cemitério de Nova Iguaçu.