“Jesus não os chamou para ser príncipes na Igreja, mas para servir como ele e com ele”, advertiu o papa Francisco na quarta-feira, 28, em sua homilia, ao presidir um consistório público para a criação de cinco novos cardeais, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Na cerimônia, o papa fez a imposição do Barrete, a entrega do anel e a atribuição da diaconia (serviço). Os novos cardeais juraram fidelidade a Francisco e a seus sucessores. Servir como Jesus Cristo e com ele, disse o pontífice, é enfrentar a realidade da cruz, o pecado do mundo.
“A realidade são os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e do terrorismo; são as escravidões que não cessam de negar a dignidade, mesmo na era dos direitos humanos; a realidade é a dos campos de refugiados, que às vezes lembram mais um inferno do que um purgatório; a realidade é o descarte sistemático de tudo o que já não é útil, incluindo as pessoas”, afirmou o papa.
Os novos cardeais são Jean Zerbo, arcebispo de Bamako (Mali); Juan José Omella y Omella, arcebispo de Barcelona (Espanha); Anders Arborelius, bispo de Estocolmo (Suécia); Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, vigário apostólico de Paksé (Laos); Gregório Rosa Chávez, bispo auxiliar de San Salvador (El Salvador).
A nomeação de Rosa Chávez, de 75 anos, surpreendeu pelo fato de ser bispo auxiliar e assim ter passado à frente do arcebispo, a quem é subordinado. Francisco o fez cardeal não só por seus méritos pessoais, mas também por sua ligação com o arcebispo Oscar Romero, assassinado em março de 1980 por combater a violência e defender perseguidos políticos durante a ditadura militar em El Salvador. Declarado beato pelo papa atual, Romero deverá ser canonizado em breve. O processo de canonização já foi aprovado, só falta marcar a data.
O colégio cardinalício passa a ter agora 225 membros, dos quais 121 eleitores em conclave para a escolha de um novo papas e 104 não eleitores, por terem completado 80 anos de idade. Nunca tantos países – 83 atualmente – tiveram representantes no colégio de cardeais.
A Itália ainda tem o maior número de cardeais: 45 ao todo, sendo 24 eleitores. Por continentes, a Europa tem 108 cardeais (52 eleitores); a América Latina tem 41 (21 eleitores); a América do Norte, 20 (13 eleitores); a Ásia, 25 (17 eleitores); a África, 25 (14 eleitores); e a Oceania tem seis (quatro eleitores).
Brasil
O Brasil tem 10 cardeais, dos quais quatro eleitores: Sérgio Rocha (arcebispo de Brasília); Odilo Scherer (São Paulo); Orani Tempesta (Rio de Janeiro); e João Braz de Aviz (prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, em Roma).
Os cardeais não eleitores são: José Freire Falcão (Brasília); Geraldo Majella Agnelo (Salvador); Eusébio Scheid (Rio de Janeiro); Serafim Araújo (Belo Horizonte); Cláudio Hummes (São Paulo); e Raymundo Damasceno Assis (Aparecida).