Os hospitais estaduais do Rio atenderam 1.650 baleados até junho. Em todo o ano passado, foram 2,1 mil. Os casos mais recentes são os de Vanessa dos Santos, de 11 anos, morta com um tiro dentro de casa; Samara Gonçalves, de 14 anos, na Baixada Fluminense, baleada na escola; e o do bebê Artur, atingido ainda no útero de sua mãe.
No enterro de Vanessa, parentes e amigos pediram “justiça”. O pai, Leandro Matos, lamentou a ação policial. “Sempre foi assim. Nem dentro da sua casa você tem liberdade. Eles (policiais) não batem na porta. O sentimento é de revolta. Não está dando certo. Está morrendo muita gente inocente.”
Márcia Jacintho foi ao velório para se solidarizar. Em 2002, o filho dela, à época com 16 anos, foi assassinado por PMs. “Sei a dor da mãe quando perde um filho dessa forma”, disse. “Espero que não fique na estatística de bala perdida porque isso é o mesmo que levar morte à família duas vezes.”
Governo
Secretário de Segurança Pública do Rio, Roberto Sá disse nesta quinta-feira, 6, que “não há política de confronto”, ou seja, que policiais não são orientados a atirar em situações de embate com bandidos. Em maio de 2017, foram 541 mortes violentas, ante 473 no ano passado. ” O errado não é o policial que está numa ação e vai ser recebido a tiro. O errado é o criminoso que age com tanta impunidade e com tanto acesso de armas.”
À Globonews, ele ainda surpreendeu ao dizer que o nome Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), dado aos destacamentos permanentes em favelas, é equivocado. “Foi um sonho, uma utopia quem achou isso.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.