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Policiais montam banco de imagens para denunciar problemas em delegacias

Nas paredes, infiltrações. Nos muros, rachaduras. Portas estão quebradas. Alguns vidros, também. Sem proteção adequada, parte da fiação elétrica fica exposta. Do lado de fora, há até acúmulo de entulhos. As fotografias fazem parte de um banco de imagens que vem sendo alimentado por policiais civis, em condição de anonimato, a pedido do Sindicato dos Delegados (Sindpesp), para denunciar a situação precária de delegacias no Estado. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que não há falta de recursos para custeio das atividades da Polícia Civil.

De acordo com o Sindpesp, as imagens começaram a ser colhidas após mensagem do delegado-geral adjunto em exercício, Waldir Antonio Covino Junior, na semana passada, em que classificou a situação orçamentária da Polícia Civil como “caótica” e “alarmante”. No comunicado, Covino Junior chega a pedir que delegados elaborem planos de contingência, com previsão até de suspender atendimento em algumas unidades ou deixar de abastecer viaturas. A SSP disse que está em fase final de tramitação a aprovação de crédito suplementar necessário.

“Pela impossibilidade de estar em todas as delegacias, pedimos para que essas fotos fossem enviadas”, afirma a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati. “O sucateamento não é de agora, começou há mais de 20 anos. O que aparece nas fotos são pequenos reflexos face à realidade existente da Polícia Civil.”

Para a presidente do Sindpesp, a Polícia Civil está sofrendo um “desmonte”. “Em todos os aspectos: no contingente de policiais, de materiais, de investimento na estrutura e até investimento básico”, diz. “Não investir e não estruturar a Polícia Civil, para que ela possa investigar e desmantelar o cerne das organizações criminosas, é deixar a sociedade desprotegida.”

Banco de imagens

Até o momento, o Sindpesp reuniu fotos tiradas em 11 delegacias: três na capital, duas na Grande São Paulo, duas no litoral sul e quatro no interior. Para comparação, só na cidade de São Paulo há 93 distritos. Não há data específica de quando cada foto foi tirada.

Na delegacia de Boituva, no interior, por exemplo, as imagens mostram vazamento em uma pia, uma placa informando que o banheiro está interditado, rachadura no muro, além de entulhos na área externa. Em Cotia, na Grande São Paulo, azulejos da parede aparecem quebrados e também há infiltrações. No 33.º DP (Pirituba), há pneus empilhados dentro da unidade – e mobílias, como a cadeira usada pelos agentes, aparecem velhas e com revestimento corroído.

O cálculo do Sindpesp é que serão necessários mais R$ 38 milhões para custear as delegacias do Estado até o final de 2017. “Esse valor é para combustível, água, luz, telefone, papel higiênico: só o básico. Não inclui investimentos”, diz a presidente do sindicato.

Na semana passada, a SSP havia anunciado crédito suplementar de R$ 4,1 milhões para manter as unidades funcionando – valor insatisfatório, segundo o sindicato.

Recursos

Na ocasião, o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, classificou como “precipitada” a mensagem do delegado Waldir Antonio Covino Junior. “Ficou evidente a precipitação desse pedido de suplementação, já que o crédito tramita desde 2 de junho”, disse.

Em nota, a SSP diz que não faltam recursos para a Polícia Civil. “A execução orçamentária é acompanhada pelas áreas técnicas, tanto que já havia sido aprovada a verba complementar de R$ 4,1 milhões para gastos com a manutenção de prédios e equipamentos”, afirma. Segundo o comunicado, o dinheiro estará disponível “nos próximos dias”.

A pasta também diz que prevê novos aportes para a corporação, mas não detalhou valores. “Está em elaboração nova alteração orçamentária para destinar mais recursos para custeio da Polícia Civil, que também serão disponibilizados em breve”, afirma a nota.

“Em relação às imagens fornecidas pela reportagem, a SSP informa que todas serão analisadas e os recursos citados contemplarão as reformas necessárias”, finaliza o comunicado.

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