Um diretor da Fetranspor e um funcionário do setor de informática da entidade foram presos nesta sexta-feira, 25, sob suspeita de tentar esconder da Força-Tarefa da Lava Jato do Rio um computador com supostas provas de irregularidades. A prisão em flagrante aconteceu quando os procuradores e policiais federais cumpriam um mandado de busca e apreensão da federação.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o diretor administrativo e financeiro, Paulo Marcelo Ferreira, foi preso depois de pedir a um funcionário de informática para retirar o computador de sua sala. Àquela altura, procuradores da República chegavam ao prédio, com mandado de busca e apreensão.
Ferreira teria tentado enganar os representantes do MPF. Segundo procuradores, levou a equipe da Lava Jato para outro andar do prédio, enquanto o técnico, que não teve o nome divulgado, retirava o computador da sala. Os procuradores foram alertados da ação e conseguiram recuperar o equipamento. Os dois foram presos acusados de obstrução de Justiça.
A reportagem ainda não conseguiu falar com a defesa de Ferreira.
Investigações
A busca foi determinada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio para aprofundar as investigações sobre o esquema de corrupção no setor de transportes do Rio de Janeiro. A partir de informações obtidas nas investigações da Operação Ponto Final, a força-tarefa resolveu analisar os dados sobre repasses da Fetranspor às empresas de ônibus para ressarci-las por despesas com vale-transporte e com o bilhete eletrônico Riocard, de integração de transportes.
Os procuradores consideram que há indícios de que o sistema de bilhetagem eletrônica e as ordens de ressarcimento de valores às empresas podem ter sido manipulados por denunciados para pagamento de propina.
O MPF afirma que, na Operação Ponto Final, apurou que o ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) recebeu do setor de transportes R$ 144,7 milhões entre os anos de 2010 e 2016. No mesmo período, o então presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro) Rogério Onofre recebeu R$ 43,4 milhões.
A propina teria sido paga com recursos de um caixa dois formado pela Fetranspor a partir da arrecadação junto a 26 empresas de ônibus, que somou R$ 250 milhões entre 2013 e 2016.
Os acusados têm negado irregularidades.