Em meio às discussões sobre a reforma do ensino médio, o Ministério da Educação (MEC) estuda ao menos quatro medidas para transformar a formação de professores no País. O governo quer usar, por exemplo, programas federais como o Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (Fies) para estimular a adoção de novas bases curriculares nas universidades.
O governo também pretende criar uma nova base para os currículos de cursos de licenciatura, reforçar a complementação pedagógica a distância e criar especializações no ensino médio que apresentem aos alunos a carreira de professor. Os planos foram apresentados nesta terça-feira, 5, no Fórum Estadão – O Novo Ensino Médio, que reuniu representantes do MEC e do Conselho Nacional de Educação (CNE) e especialistas para debater questões referentes às alterações na última etapa da educação básica.
“A gente tem, por exemplo, (a possibilidade de) os financiamentos estarem atrelados a determinados modelos curriculares”, diz o secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva. “Se tivermos uma orientação no MEC dizendo qual é o mínimo que um professor tem de saber, teremos condições de influenciar com muito mais efetividade as redes privadas”, afirmou.
Segundo o secretário, a nova base para a formação de professores pode ser apresentada até o fim do ano, na forma de um “documento orientador”, que seria discutido com outras entidades. O texto deve trazer sugestões para conteúdos e habilidades que as Licenciaturas de todo o País devem ensinar.
Outra ideia é estimular a carreira docente já na educação básica. Segundo a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, o tema deve ser incluído entre os itinerários formativos do ensino médio – que serão a parte flexível da etapa após a reforma.
“Não é formá-los para serem professores no nível médio, mas prepará-los para seguir a licenciatura e entender o que é a carreira de docente”, diz Maria Helena. “Mas não há decisões tomadas ainda.”
A proposta ainda será levada ao ministro da Educação, Mendonça Filho. O corpo técnico do MEC prevê que um pacote de medidas para a formação de professores será apresentado pela pasta ainda em outubro.
Em curso
Uma iniciativa que, segundo o ministério, deve ser ampliada, é o apoio a cursos de complementação pedagógica para professores que já estão no mercado. Os cursos são oferecidos pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), que tem cerca de 20 mil alunos nessa modalidade, e pelos Institutos Federais Tecnológicos.
O público-alvo são licenciados de História que dão aula de Língua Portuguesa e professores de Matemática que lecionam também Filosofia, por exemplo. Mais de 50% dos professores da educação básica no Brasil não têm formação na área em que atuam, de acordo com o próprio MEC.
A presidente da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz, que participou do Fórum, apoia antecipar a formação dos professores desde o ensino básico e a tentativa de atrair os melhores alunos para a carreira. “Estamos aguardando um anúncio do MEC nesse sentido, justamente porque, sem mexer na formação dos professores, não há como avançar”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.