A ex-presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira, 6, que a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que a ela imputa organização criminosa, “se apoia em mentiras fabricadas, algumas bastante antigas, que parecem ter sido recuperadas e trazidas de novo à baila apenas para desviar a atenção das gravações divulgadas”.
As gravações a que Dilma se refere são as dos delatores da JBS. No áudio de quatro horas, que chegou “acidentalmente” à Procuradoria, Joesley Batista, principal acionista da empresa, e o executivo Ricardo Saud revelam como pretendiam neutralizar a ofensiva dos investigadores contra o grupo, inclusive por meio de uma suposta cooptação de ministros do Supremo.
A denúncia contra Dilma inclui seu antecessor, Lula, cinco ex-ministros petistas (Antônio Palocci, Guido Mantega, Edinho Silva, Gleisi Hoffman e Paulo Bernardo) e o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
“A denúncia escrita pela Procuradoria da República acusando a mim de pertencer, e ao PT de constituir, uma organização criminosa é um documento que deve ter sido reunido às pressas e baseado, exclusivamente, em depoimentos de delatores premiados”, reagiu Dilma, em nota.
A ex-presidente afirma que “não há comprovação resultante de qualquer investigação feita”. “Apenas ilações, deduções e insinuações tratadas como verdade. Apenas as convicções dos acusadores, baseadas em modelos fantasiosos.”
Ao apontar para a reviravolta do caso JBS, Dilma enfatiza o áudio de quatro horas que faz Brasília ferver. “Os próprios delatores declaram que para obter o prêmio da integral impunidade ou da redução da pena dizem aquilo que acreditam ser o que os procuradores querem ouvir.”
A nota de protesto de Dilma aponta para outro escândalo que sacode o País, os R$ 51 milhões em dinheiro vivo encontrados nesta terça-feira, 5, em um apartamento na Graça, Salvador, apontado como bunker do ex-ministro do Governo Michel Temer e ex-dirigente da Caixa de seu próprio governo, Geddel Vieira Lima.
“Na semana em que o país toma conhecimento da deterioração ética e moral que cerca o mercado da corrupção, no dia em que a polícia encontra uma dúzia de malas cheias de dinheiro roubado por elemento central na articulação do presidente golpista, o procurador lança mão do diversionismo e encontra respaldo em parte da imprensa brasileira que se transformou em uma fração política, perdendo inteiramente a isenção.”
“A Justiça e a verdade sempre se impõem. O STF, certamente, fará justiça diante da absoluta falta de provas que atestem qualquer dos ilícitos denunciados pelo procurador-geral da República.”