Prestes a completar 20 anos de funcionamento, a padaria do Mosteiro de São Bento, instituição religiosa fundada em 1598 no centro de São Paulo, tem novidades capazes de atiçar o capital pecado da gula. Além dos famosos pães e bolos, os monges beneditinos acabam de lançar dois rótulos de cerveja artesanal, instalaram um aconchegante café na loja aberta há quase dez anos nos Jardins, na zona oeste, e estão fazendo os últimos ajustes de produção para começar a comercializar chocolates.
Os beneditinos do centro de São Paulo, assim, seguem integrando ao dia a dia paulistano uma tradição comum nas centenárias abadias europeias: a gastronomia. “A ideia de lançarmos uma cerveja já era antiga, mas sempre esbarrávamos na falta de espaço e estrutura”, conta o monge Bernardo Schuller, o responsável pela padaria. No fim do ano passado, começaram as tratativas com uma cervejaria localizada em Piracicaba, no interior paulista. “Criamos a receita e eles passaram a produzir sob nossa supervisão”, afirma o religioso. Ao longo dos meses, foram feitos vários testes. “Os provadores éramos eu e o monge ecônomo (Bruno Costa)”, revela Schuler.
Em versões golden ale e red ale, a Cerveja Mosteiro foi lançada em 11 de julho, dia de São Bento. Em dois meses, foram vendidas 2 mil unidades (cada garrafa sai por R$ 25). A bebida só é comercializada nos três pontos de venda dos beneditinos: a lojinha anexa à abadia, no centro da cidade; a localizada na Rua Barão de Capanema, nos Jardins; e o site www.padariadomosteiro.com.br, que entrega em todo o País.
Os rótulos têm uma peculiaridade. Por meio de um aplicativo de realidade aumentada, um celular apontado para o desenho neles estampado reproduz imagens do interior da igreja contígua ao mosteiro ao som de cantos gregorianos. “Melhora o clima de degustação da cerveja. É como se a garrafa cantasse para você”, explica o desenvolvedor do app Marcelo Rodiño Cerqueira, diretor de criação da agência Flex Interativa.
Por costume herdado de religiosos alemães, os monges beneditinos de São Paulo têm o hábito de tomar cerveja nos almoços de domingo. O rótulo próprio, portanto, já se tornou acompanhamento obrigatório nas refeições das solenidades – como a do Dia de São Bento (11 de julho), a data da dedicação da Basílica (6 de agosto) e o Dia da Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto).
A unidade dos Jardins também tem novidades. “Fizemos uma discreta reforma e colocamos mesinhas para as pessoas tomarem café”, conta Schuler. “Em um ambiente que remete à arte sacra, com som ambiente de cantos gregorianos”, descreve. Há pouco mais de um mês, a loja também estreou a conta @padariadomosteiro no Instagram.
Agora, Schuler está às voltas com os testes para uma outra novidade de dar água na boca: até o fim do ano, a padaria do Mosteiro deve estar produzindo e comercializando chocolates.
Perfil
Formado em Administração de Empresas e ex-funcionário do Tribunal Regional do Trabalho de São Luís do Maranhão, o paraibano Schuler, hoje com 50 anos, entrou para a ordem beneditina em 1996. “Sempre tive identificação com gastronomia”, conta ele que, dois anos depois, convenceu o então abade Isidoro Oliveira Preto de que montar uma padaria ali seria bom negócio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.