A base governista dá como certa a apresentação nesta semana da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. Na última semana de exercício do mandato de Rodrigo Janot, a aposta é que o procurador insistirá na denúncia “por vingança” e que a nova ação contra Temer tende a ser derrubada pelo plenário com mais facilidade do que na primeira denúncia por corrupção passiva.
A avaliação é do vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), que acredita na fragilização da delação premiada da JBS e na condução do processo por Janot para derrotar mais uma vez o pedido da PGR. “A segunda denúncia vai encerrar esse assunto de denuncismo”, disse. Para o vice-líder, não há como “rasgar” provas, mas elas “eventualmente podem ser anuladas” pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Se apresentada uma segunda denúncia contra Temer, o pedido da PGR terá o mesmo trâmite da primeira ação, com início da apreciação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Desta vez, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), deve enfrentar mais dificuldade para escolher um relator que surpreenda, uma vez que a posição dos parlamentares em relação ao governo já foi conhecida na primeira denúncia.
Pacheco deve insistir no discurso de que o perfil do próximo relator será “técnico e imparcial” e não deve escolher nenhum dos novatos no colegiado que foram indicados para votar a favor de Temer na primeira denúncia. Entre os cotados de Pacheco estão Marcos Rogério (DEM-RO) – que votou a favor da primeira denúncia – e Evandro Gussi (PV-SP) – que votou contra o pedido da PGR. Ambos são de partidos da base governista e têm formação jurídica. Uma nova indicação do deputado fluminense Sérgio Zveiter (ex-PMDB e agora Podemos) é vista como improvável.
A oposição admite nos bastidores que mesmo que Pacheco escolha um relator favorável à nova denúncia, ela tende a ser rejeitada na CCJ. Mansur defende que o relator do voto vencedor seja mais uma vez Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).
Segundo Mansur, o presidente Michel Temer segue “sereno” diante dos desdobramentos da delação da JBS. Sobre a prisão do empresário Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud, Mansur afirmou que “a cadeia é o lugar” para ambos. “Isso para a sociedade é muito importante. Dá a demonstração de que ninguém ficará impune”, declarou.