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Ônibus despenca em ribanceira, mata 3 e fere 30

Um acidente com um ônibus de turismo causou ontem a morte de três pessoas e deixou 30 feridas, sendo 5 em estado grave, em um trecho de serra da Rodovia Oswaldo Cruz (SP-125), em Ubatuba, litoral norte paulista. A rodovia ficou interditada das 7h30 às 14h20 e houve 15 quilômetros de congestionamento nos dois sentidos. O motorista – que não tinha autorização para trafegar pela pista e foi preso – alegou estar sem freios e desconhecer a estrada.

O coletivo havia saído de Limeira, interior de São Paulo, com um motorista e 32 passageiros, incluindo 14 crianças. O grupo fretou o ônibus por R$2,5 mil para ir até a Praia da Lagoinha em Ubatuba, onde ficaria até domingo. O acidente aconteceu no km 82,4 da Oswaldo Cruz, sentido Ubatuba. Em um trecho de curvas sinuosas, o veículo se perdeu, bateu na mureta à margem da pista e tombou em uma ribanceira de dez metros, capotando.

O motorista Anderson Clayton Diniz, de 43 anos, afirmou ao Estadão que não conhecia a estrada e era a primeira vez que dirigia ali. Somente no km 82 percebeu que o veículo estava com problemas no freio. “Eu tentei frear, mas já estava em velocidade na descida e acabei jogando para a direita para tentar escorar na mureta”, alegou. “Mas acabou capotando e caiu na ribanceira. Foi uma fatalidade, infelizmente aconteceu uma tragédia. Pensei nas crianças que estavam ali e tentei fazer o possível.”

De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), uma portaria de 8 de abril de 2014 restringe a circulação de veículos de transporte de passageiros com dimensões superiores a 7,4 metros do km 78 ao km 86 da rodovia. Justamente por ter pista sinuosa. Segundo o DER, há 22 placas indicando a proibição.

Um dos sobreviventes, Abrão Almeida Santos, de 32 anos, disse à reportagem que a excursão partiu às 2h30 de Limeira e, ao amanhecer, os passageiros perceberam que “o motorista começou a correr muito”.

Ainda de acordo com Santos, os passageiros pediram que ele reduzisse a velocidade, mas o motorista não acatou. O tacógrafo do ônibus foi apreendido, mas está em condição irregular e não marcou as velocidades das últimas duas viagens.

Vítimas

Um dos passageiros, Moacir Quessada, borracheiro aposentado de Limeira, morreu na hora. Ele viajava com a mulher, Marcia Cristina Pizani Quessada, e os filhos Luan, de 12 anos, e Luana Pizani Quessada, de 18. De acordo com a mãe de Marcia, Natália Pereira dos Santos Pizani, de 64 anos, a família aproveitou o feriado local em Limeira, onde moram, para passar o fim de semana na praia. “Eles planejavam a viagem fazia dois meses, reservaram um chalé e estavam animados.”

Segundo ela, a filha também se feriu, mas sem gravidade. “Ela me ligou para dizer que com ela e as crianças estava tudo bem. Disse que, quando viram, o ônibus já estava rolando. Ela não entende como o Moacir foi morrer e com eles quase não aconteceu nada. Minha filha teve apenas uns arranhões.” Outros familiares viajaram ontem para Ubatuba, a fim de resgatar Marcia e os filhos e cuidar do traslado do corpo de Quessada, que será velado e sepultado em Limeira.

Os feridos no acidente foram levados para a Santa Casa de Ubatuba, de onde uma criança e seu pai foram transferidos para um hospital de Caraguatatuba. Outros dois pacientes – duas mulheres – aguardavam, à tarde, transferência para o Hospital Regional do Vale do Paraíba, em Taubaté. Outra mulher com suspeita de traumatismo craniano passaria por novos exames na Santa Casa.

De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, as outras 25 vítimas estavam em situação de alta à tarde. Muitas, porém, ainda aguardavam a chegada de familiares, enquanto outras estavam em observação. Depois do atendimento, passageiros que tiveram apenas ferimentos leves se dirigiram à delegacia de Polícia de Ubatuba para resgatar os pertences.

Prisão. O motorista Diniz está desempregado e trabalhava como freelancer. Ele foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção), com agravante de envolver um veículo de passageiros. Ele também responderá por 27 lesões culposas. Segundo a delegada Ana Carolina, o crime tem fiança estipulada em R$ 90 mil. A reportagem tentou contato por telefone e e-mail com a empresa Aguiatur, mas sem sucesso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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