A cidade de São Paulo registrou na segunda-feira, 23, um congestionamento atípico. O índice de lentidão, na parte da tarde, ficou mais do que o triplo acima da média dos dias comuns. Só a Avenida 23 de Maio, ligação entre o centro e a zona sul, teve 8,7 km de lentidão na parte da tarde. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não explicou o motivo. Os motoristas reclamaram de um companheiro habitual no trânsito: o Waze, que apresentou falhas durante o dia.
Diversos usuários do aplicativo relataram ter enfrentado problemas ao seguir a rota sugerida, que insistia em jogá-los na travada 23 de Maio. O Waze, usado para fugir do trânsito com opções de trajeto mais rápidas, confirmou ter registrado falha, que definiu como “incidente”, mas disse que não comentaria o assunto. O aplicativo disse que o sistema já estava funcionando normalmente no fim da tarde, período em que os índices retornaram para a média.
Em toda a capital, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), às 14 horas, havia 78,1 km de vias congestionadas – quando a média para o horário é de 23,4 km de filas de carros.
A CET não fez relação direta entre a falha e o trânsito incomum, mas também não apontou razões para o congestionamento. O aplicativo tem mais de 3,5 milhões de usuários ativos na Grande São Paulo.
Transtorno
A gerente de marketing Ana Lígia Mazzafero, de 29 anos, levou duas horas e meia para fazer seu trajeto usual de uma hora e 20 minutos, da Vila Formosa, na zona leste, até a Vila Mariana, zona sul. “Nunca vi nada parecido em uma segunda normal.” Segundo Ana, colegas de trabalho tinham relatos parecidos. No caso dela, em vez de sugerir caminhos pela Avenida Anhaia Mello, por dentro do Ipiranga ou pela Rua da Mooca, ele indicou a 23 de Maio. “O Waze me jogou na 23 de Maio. Aí demorei horrores.”
Como a 23 de Maio é a principal rota de acesso ao Aeroporto de Congonhas, houve quem perdesse o voo por causa do trânsito atípico. O consultor de imagem Alexandre Taleb, de 46 anos, chegou a descer do carro com uma mala de viagem para chegar a tempo. Segundo ele, o aeroporto estava mais cheio que o normal e, como havia muitos relatos semelhantes, não foi cobrado por pegar outro avião – já que perdeu o voo para o qual havia comprado passagem.
Da Avenida Paulista a Congonhas, levou três horas. Taleb costuma fazer o mesmo caminho uma vez por semana, mas geralmente não passa de 20 minutos. “Estava infernal, tudo parado. Desci com a mala nas costas e atravessei a avenida a pé.”
Por causa dos problemas em Congonhas, a CET teve de bloquear, às 13h25, o acesso à 23 de Maio no aeroporto, para evitar veículos parados.
Para o consultor de mobilidade Flamínio Fichmann, uma falha no algoritmo do Waze poderia, sim, aumentar a lentidão. “A 23 de Maio já é uma via saturada, e em muitos horários fica perto do limite de congestionamento. Mesmo se pouca gente a mais for para lá, já é suficiente para travar a via. É como uma garrafa quase cheia, que com pouca água a mais transborda.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.