Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as bancadas municipal, estadual e federal do PT decidiram nesta segunda-feira, 30, adiantar para o dia 1º de dezembro o lançamento da pré-candidatura do ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho ao governo de São Paulo.
O objetivo, segundo petistas, é aproveitar o vácuo existente no debate estadual e as disputas internas entre os partidos na órbita do governador Geraldo Alckmin.
A decisão, no entanto, restringe as opções do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad na campanha do ano que vem. Cotado inicialmente para ser o nome do PT na disputa presidencial, caso o ex-presidente seja impedido pela Justiça, Haddad hoje dependeria da intervenção direta de Lula para concorrer ao Senado pois até este espaço já foi ocupado pelo vereador Eduardo Suplicy.
“Se o Lula não quiser Haddad como principal formulador do programa de governo dele eu gostaria que ele coordenasse o meu programa”, disse Marinho.
Uma ala importante do PT se posicionou a favor de o partido também bater o martelo sobre a candidatura de Suplicy ao Senado, mas um setor da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) conseguiu empurrar a decisão para o início de dezembro.
Segundo deputados estaduais petistas, há cerca de dois meses Haddad se reuniu com a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo e se colocou à disposição do partido para disputar o governo. Semanas depois, Haddad se reuniu com Marinho e declarou apoio à sua pré-candidatura. No encontro Marinho teria sugerido que ele fosse candidato a senador e Suplicy a deputado federal. Haddad concordou desde que não houvesse disputa com o vereador. Suplicy, no entanto, não abre mão de tentar voltar ao Senado. Resta a Haddad a segunda vaga para senador, mas o PT pretende usar a legenda para compor a aliança de apoio a Marinho.
Segundo participantes da reunião realizada hoje na sede do diretório estadual do PT de São Paulo, apenas o deputado federal Paulo Teixeira e os estaduais João Paulo Rillo e Carlos Neder não apoiaram a ideia de antecipar o lançamento da pré-candidatura de Marinho.
“Acho um erro essa antecipação. É fazer a política do fato consumado caso o PT necessite do Haddad. Essa hegemonia que o Marinho tem na institucionalidade está longe de refletir o sentimento na base do partido”, disse Rillo.
Nos bastidores, petistas comentam que o objetivo real da antecipação é evitar que o possível mal desempenho de Marinho nas pesquisas dê margem para um movimento nas bases do PT em defesa da candidatura de Haddad. Marinho nega.
“Se fizerem uma pesquisa hoje o Haddad tem mais (intenção de voto), o Suplicy tem mais. Em 2008 o Lula não queria nem que eu fosse candidato a prefeito de São Bernardo. Eu tinha 3% e fui eleito”, lembrou.
Marinho argumenta ainda que até agora nenhum outro nome do PT se colocou na disputa pelo governo paulista. “É importante nos colocarmos agora para começar o processo de diálogo com outras forças”, disse Marinho.