O Ibovespa iniciou o pregão em alta, em sintonia com as bolsas internacionais, à medida que os investidores avaliam a safra de balanços do segundo trimestre aqui e no exterior. Apesar de alguns números piores que o esperado, afetados em cheio pelos impactos da pandemia de coronavírus, há perspectiva de que o pior da crise ficou para trás. Ao mesmo tempo, seguem esperançosos quanto a uma vacina para combater a covid-19, enquanto ficam à espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), hoje à tarde, e do resultado da Vale após o encerramento do pregão.
Apesar da elevação das bolsas externas ser um pouco menor, o Ibovespa sobe acima dos 105 mil pontos, também com a ajuda do petróleo, que sobe em torno de 1% lá fora, e também do minério de ferro na China (subiu 3,67% no porto de Qingdao). As ações da Vale ON avançavam 3,08% e as da Petrobrás na faixa de 1,00%, perto das 11 horas. "Precisa ultrapassar os 105 mil pontos para abrir vantagem em relação ao objetivo dos 107 mil e 108 mil pontos", diz o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira. O Ibovespa subia 0,97%, aos 105.113,97 pontos.
O mercado dá como certa a manutenção nas taxas de juros do país entre zero e 0,25%, mas a grande espera é pelo comunicado do Fed e ainda pelas palavras do dirigente da instituição, Jerome Powell, em seguida. Espera-se um conteúdo dovish, com a autoridade monetária elucidando que a economia dos EUA ainda necessita de elevado grau de estímulos.
Powell poderá dar pistas sobre a política monetária norte-americana e ainda detalhar a real condição do país neste momento em que há avanço de casos de covid-19 em algumas partes e após a injeção de trilhões de dólares de incentivo à economia. Aliás, o impasse entre republicados e democratas para aprovar um novo pacote no valor de US$ 1 trilhão também fica no foco, o que pode limitar eventuais ganhos nas bolsas, já que algum avanço era esperado para ontem.
De acordo com Bandeira, a safra de balanços ainda deve mexer muito com a precificação dos ativos. Nos EUA, por exemplo, a Boeing divulgou prejuízo líquido de US$ 2,4 bilhões no período, com perda ajustada por ação de US$ 4,79, quase o dobro do previsto, mas as açoes sobem.
Internamente, saíram os resultados da CSN, Cielo, Santander Brasil e Telefônica, que reportaram queda em seus lucros no segundo trimestre. Apesar do recuo, esperado por muitos por causa dos efeitos da covid-19, o maior foco de atenção deve ficar nas palavras dos executivos dessas companhias para explicar o que cada uma está fazendo e fará para reverter tal cenário, quais as projeções de crescimento.
De acordo com o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada, para além dos números passados das companhias, o quadro futuro ainda inspira preocupações para vários setores de atividade, diante do recrudescimento dos casos de covid-19 em regiões importantes. Por outro lado, acrescenta em nota, como um fator de suporte aos ativos, laboratórios seguem reportando avanços nas pesquisas de vacinas contra a doença, casos da Moderna e da Pfizer.
A alta na B3 é puxada pelas ações do setor financeiro e pelos papéis da CSN. Na lista das maiores variações de ganhos estão as Units de Santander, com valorização de 4,85%, impulsionando também os papéis de outros bancos.
A instituição informou seu balanço do segundo trimestre, com prejuízo inesperado no período, influenciado pelos efeitos da pandemia de coronavírus. No entanto, o banco diz não prever novas rodadas de provisões relacionadas com a crise e disse estar mais otimista em relação à retomada do crédito. Já CSN ON subia 6,10%, também após informar balanço, às 10h24.
Após o fechamento da Bolsa, o destaque é a Vale, que informará seu resultado do segundo trimestre. Conforme a Prévia do Broadcast, a empresa deve ter lucro de R$ 1,7 bilhão no segundo trimestre ante prejuízo de R$ 133 milhões em igual período de 2019, com o minério de ferro mais caro compensando quedas nas vendas.