Após dez anos de casamento, muitas conquistas pessoais e profissionais, os engenheiros pernambucanos Eduardo Coimbra, de 38 anos, e Luciana Chaves, de 36, fizeram planos para crescer a família em 2016. Mas o projeto acabou sendo adiado por ao menos mais dois anos. O motivo não foi uma crise no relacionamento ou falta de dinheiro, mas o medo de que a recente epidemia de microcefalia, provocada pelo surto do zika, pudesse ameaçar a saúde do tão sonhado bebê.
“Passamos o segundo semestre de 2015 nos preparando física e psicologicamente para tentar uma gravidez. Estávamos muito felizes e aí, com o passar dos meses, começamos a acompanhar as notícias sobre as centenas de casos de microcefalia. Entrei em pânico e decidi não arriscar”, contou ela. “Foi frustrante, mas era necessário.”
Chaves já começa a reorganizar os planos para 2018. “Entendo por completo a opção de minha mulher. Cheguei a propor que aceitássemos uma proposta de emprego fora do País, que eu havia recebido, para que ela pudesse engravidar com tranquilidade, mas preferiu esperar. Acho que, como as coisas acalmaram, conseguiremos ter nosso filho ou filha”, diz ele, que mora em Olinda, na Grande Recife, que tem uma das mais altas taxas de zika.
Aborto. A química Lúcia (nome fictício), de 32 anos, interrompeu uma gravidez de 24 semanas clandestinamente em dezembro de 2015. Ela, que mora no Recife, havia recebido o diagnóstico de que o bebê tinha microcefalia. “Era meu primeiro filho. Ninguém fica feliz com essa decisão. Engravidei de forma planejada. Eu e meu marido não queríamos esse sofrimento para o bebê e para nós. Por isso, buscamos aborto. Sofremos bastante, mas hoje, vendo a dificuldade de tantas crianças com a síndrome, tenho certeza de que foi a melhor decisão.”
Já a arquiteta Luana Seabra, de 30 anos, optou por ter o bebê, gerado no Recife, longe da terra natal. “Descobri a gravidez em novembro de 2015, no auge da epidemia. Entrei em pânico. Como a família do meu marido mora nos Estados Unidos, decidimos que iríamos nos mudar até que o bebê nascesse e nos sentíssemos seguros.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.