Um enorme aparato foi mobilizado para a rápida passagem do presidente Michel Temer (PMDB) pela cidade de Itu, no interior de São Paulo, nesta quarta-feira (15). Cerca de 150 homens do Exército foram destacados para proteger o trajeto de 300 metros entre o quartel e a prefeitura. Viaturas da Guarda Municipal e da Polícia Militar bloquearam as ruas do entorno da prefeitura. Mesmo assim, um grupo de 20 pessoas ligadas ao PSol e ao Sindicato dos Metalúrgicos de Itu e Região fez muito barulho do lado de fora, com faixas, aos gritos de “fora Temer” e contra a reforma da Previdência.
O grupo foi parado numa barreira policial. “Itu é a Mombaça do Temer”, disse o ex-vereador de Sorocaba, Osvaldo Duarte Filho. Em 1989, o então presidente da Câmara dos Deputados Antonio Moraes de Andrade (PMDB), que assumiu a presidência numa viagem do presidente à época, José Sarney (PMDB), fez de sua cidade, Mombaça, em Pernambuco, a capital federal por um dia.
Como a justificar o enorme aparato de segurança mobilizado para a visita, o presidente lembrou sua ligação com a cidade. Além de ser natural de Tietê, cidade vizinha, Temer foi professor e diretor da Faculdade de Direito de Itu (Faditu). “A vinda para cá revela aspecto familiar, sou aqui da região e me sinto em casa. Itu deixou sua marca na história do movimento republicano.”
Ditadura
Depois de participar da entrega do título de cidadão a um amigo de longa data, Temer lembrou que, após a República, o País viveu longos períodos de conflitos que resultaram numa concentração de poderes, referindo-se à ditadura de Getúlio Vargas e à tomada do poder pelos militares em 1964. “Temos de governar com espírito de abertura, fazendo harmonia entre os poderes, com diálogo e respeito ao legislativo e judiciário, em diálogo com a sociedade.”
Conforme o presidente, o fato de ter transferido o governo para Itu tem uma simbologia, por ter se iniciado na cidade o movimento pela República, que considerou uma fórmula de impedir o movimento centralizador. “As pessoas ficam preocupadas com o que está acontecendo no Brasil. Nós sabemos que as instituições funcionam tranquilamente no país. A autonomia entre os poderes está havendo e nós só fazemos reforçá-la. Tivemos várias contestações, vários eventos que tentaram paralisar o Brasil, mas a caravana foi passando.”
Temer foi ao interior entregar o título de cidadão ituano ao empresário e amigo José Eduardo Bandeira de Mello, de 78 anos, seu ex-sócio num escritório de advocacia na década de 1960. Acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo ministro tucano Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, Temer chegou de helicóptero e, após desembarcar no Quartel do Exército, seguiu para o prédio da prefeitura.
Itu é conhecida como “berço da República” por ter sediado, em abril de 1873, uma reunião de personalidades paulistas com ideais republicanos, entre elas Prudente de Moraes, que viria a ser o primeiro civil a assumir a presidência. O evento ficou conhecido como Convenção Republicana de Itu.
O presidente deixou o local pouco antes do meio-dia, sem falar com a imprensa. O ministro Imbassahy, cotado para deixar a pasta com o desembarque do PSDB do governo, iniciado com a saída do agora ex-ministro das Cidades, Bruno Araújo, também se esquivou dos jornalistas.D