Recém-empossado como diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, fez uma enfática defesa do instituto da delação premiada, tentou amenizar disputadas da corporação com o Ministério Publico Federal e se disse lisonjeado com a presença do presidente Michel Temer em sua cerimônia de posse.
Segovia disse que a direção-geral não vai mudar o foco nas delações premiadas feitas pela Polícia Federal e que vai conversar com todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para reforçar que “como uma ferramenta de investigação” e delação “tem que fazer parte de um das atribuições da PF”. “Acredito que instituto da delação premiada é importantíssimo. Ela é fortíssima ferramenta para a investigação criminal”, destacou.
Sobre as possíveis ilegalidades em delações firmadas pelo MPF, sem a participação da PF, como a do caso JBS, Segovia disse que caberá ao STF decidir sua validade. “Não caberá a PF tecer críticas”.
Segovia afirmou que teve uma conversa preliminar com a nova Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, e que os dois pretendem estabelecer uma metodologia de trabalho entre PF e MPF. Segundo ele, nesta primeira conversa não se falou sobre a atribuição da PF nas delações. “Não se pode tocar no ponto mais nevrálgico do problema (na primeira conversa)”, afirmou.
“Acredito que agora neste novo momento tanto da PGR como da PF a gente vai tentar construir, neste momento de mais maturidade, vai conseguir trabalhar mais em conjunto e que investigações sejam coordenadas”, afirmou. “Não há necessidade de uma briga institucional entre o MPF e a PF.”
O novo diretor-geral disse ainda que, ao entregar ao presidente Michel Temer o convite para que ele comparecesse a cerimônia de posse, revelou ao presidente a sua visão sobre a PF e que Temer lhe deu “carta-branca”. “Ele falou que eu tinha carta-branca, para engrandecer a PF e que isso fosse feito de forma republicana.” No fim da coletiva, ao ser indagado sobre a conduta da PF em relação às investigações contra o presidente, Segovia disse que Temer continuará a ser investigado, “com a celeridade dos outros inquéritos”.
Segovia disse que conversou com presidente também sobre investigações durante o ano que vem, que é eleitoral, e afirmou que jamais a PF deverá tomar qualquer viés político-partidário. “As investigações têm que buscar a verdade real dos fatos, não se pode ter preconceito, quando se recebe uma denúncia de partido A ou B, deve-se estabelecer uma linha de instigação para saber se há desvios ou é uma denúncia caluniosa”, disse.
Ao ser questionado se acredita que a Lava Jato tem viés político-partidário, o novo diretor-geral da PF disse que não acredita nisso e fez elogios ao juiz Sergio Moro, a quem classificou como alguém de conduta exemplar. “Se houvesse qualquer tipo de desvio já haveria quebra ou anulação da própria investigação”, afirmou.