Dez anos após passar por um transplante de rim, o frentista Sergio Gava, de 41 anos, enfrenta um novo desafio: conseguir o remédio para evitar a rejeição do órgão. Essencial para pacientes transplantados, o medicamento Tacrolimo, um imunossupressor, está em falta em farmácias de alto custo em várias regiões do País.
“Estava disposto a vender meu carro para comprar o remédio”, diz Gava, que precisa de oito comprimidos do medicamento todos os dias. Em setembro, o frentista pegou só 140 comprimidos em uma farmácia de alto custo em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, dos 240 necessários para o mês. “Falaram que estava em falta.” Depois disso, não conseguiu mais o remédio e só está tomando o medicamento porque contou com a solidariedade de quem tem sobras em casa.
Como é um remédio de alto custo, o Tacrolimo é oferecido pelo Ministério da Saúde e distribuído pelos Estados aos pacientes mediante indicação médica. A Associação Brasileira de Transplantados emitiu um alerta no dia 13 deste mês sobre a falta do remédio e de outro medicamento imunossupressor, o Micofenolato de Sódio, e acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Entrega
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que o Tacrolimo 1 mg é usado por 15,8 mil transplantados no Estado. No quarto trimestre, a pasta solicitou 8,6 milhões de comprimidos. O Ministério aprovou somente 6,6 milhões e entregou 91% da quantidade aprovada, disse a Secretaria na sexta-feira. A pasta garantiu, ainda, que se esforça para atender os pacientes, com planejamento de estoques, remanejamentos e entregas parciais para evitar prejuízos no tratamento.
O Ministério da Saúde informou que o estoque do Tacrolimo estará regularizado ainda este mês. “Foi feito um novo processo de compra (do remédio) e as entregas já estão ocorrendo em todo o País.” Sobre o Micofenolato de Sódio, o ministério disse que a aquisição do medicamento foi feita na última sexta-feira. “A nova remessa (aos Estados) está programada para a próxima semana.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.