A Justiça da Espanha teria emitido uma ordem internacional de busca e captura contra o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A informação está sendo revelada pelo site espanhol de notícias Cronica Global. O motivo seria a sua participação no esquema montado por Sandro Rosell para desviar milhões de dólares em jogos amistosos da seleção brasileira.
De acordo com a imprensa espanhola, a ordem teria partido da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional. “(Ricardo) Teixeira obteve, de forma indireta, mediante a um emaranhado societário que se nutria da renda do acordo da ISE para a Uptrend, grande parte dos 8,3 milhões de euros que a ISE transferiu para a Uptrend pela suposta intermediação desta última”, afirmou. A decisão da juíza seria do último dia 12 de junho.
A ordem foi dada 15 dias depois da prisão de Sandro Rosell e quando os procuradores Vicente González Mota e María Antonia Sanz solicitaram que a Audiência Nacional emitisse a decisão de captura ao brasileiro. Se fosse, de fato, detido, Ricardo Teixeira não seria extraditado para a Espanha, onde é acusado de fazer parte de uma “organização criminosa”. Como regra, o Brasil não extradita seus cidadãos.
Conforme o jornal O Estado de S.Paulo revelou ainda em 2013, acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Ricardo Teixeira e ex-presidente do Barcelona.
No mês passado, Sandro Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Ricardo Teixeira. “Durante 2010, Teixeira e sua mulher eram detentores de dois cartões Visa Platinum, com contas da Uptrend em Andbank”, apontou.
“Resulta da investigação que, de sua posição de presidente a CBF, (Ricardo Teixeira) influenciou na concessão de direitos audiovisuais aos jogos da seleção, e, enquanto isso, por trás e para o prejuízo da CBF, Rosell negociava um contrato de intermediação”, apontou o documento do processo do caso do ex-dirigente catalão.
Os investigadores concluem, portanto, que “parte dos fundos não foi para a CBF, senão que, de uma forma fraudulenta, foram ao próprio Teixeira”. De acordo com a Audiência Nacional, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o “destinatário do dinheiro e não a Confederação (CBF)”.
As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Ricardo Teixeira foi “a apropriação por parte do presidente da CBF dos fundos pagos para obter os direitos dos partidos jogados pela seleção brasileira”. Desde a prisão de Sandro Rosell, a defesa de Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade.