O dólar teve novo dia de volatilidade e só firmou alta após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell. O dirigente prometeu que o Fed vai "limitar danos e garantir uma recuperação forte" para os Estados Unidos, o que colocou as bolsas em Nova York e o Ibovespa nas máximas e ajudou a fortalecer o dólar ante moedas emergentes, renovando máximas aqui e no México, embora tenha enfraquecido a divisa americana ante moedas fortes, como o euro. Ao mesmo tempo, Powell alertou que novas medidas para conter aumento de casos de covid começam a pesar na atividade econômica.
O dólar à vista fechou em alta de 0,30%, cotado em R$ 5,1729. No mercado futuro, o dólar para agosto subia 0,61% às 17h30, para R$ 5,1815.
A reunião de política monetária do Fed era um dos eventos mais aguardados da semana. Os dirigentes mantiveram os juros e anunciaram que as taxas vão continuar neste nível até que a atividade volte a se reaquecer. A divulgação do comunicado teve impacto limitado no câmbio, com oscilações pontuais, embora as bolsas tenham registrado máximas, aqui e nos EUA. "Como esperado, o Fed não fez mudanças de política e nem no texto principal do comunicado", destaca o economista-chefe da consultoria Pantheon Macroeconomics, Ian Shepherdson, ressaltando que o tom veio "dovish", ou seja, favorável ao ambiente de juros próximos de zero.
Logo em seguida, Powell participou da entrevista à imprensa e a economista-chefe do High Frequency Economics, Rubeela Farooqi, observa que o dirigente reiterou o compromisso de usar as ferramentas possíveis pelo tempo que for necessário, podendo ampliar o ritmo de compras de ativos. Mas com o continuo crescimento de casos de coronavírus nos EUA, ela observa que será preciso um novo pacote fiscal, que vem sendo discutido no Congresso. "A atividade parece ter perdido fôlego em resposta ao crescimento dos contágios", observa ela, destacando que Powell enfatizou o mesmo.
Com as declarações, o dólar ganhou força ante moedas emergentes, enquanto o ouro teve nova tarde de recordes. Antes moedas fortes, a divisa americana seguiu em queda, testando os menores níveis desde o começo de 2018.
Em meio à incerteza com o crescimento de casos de covid aqui e no exterior, investidores estrangeiros seguem retirando recursos do Brasil, contribuindo para pressionar ainda mais o câmbio. Este mês, até o dia 24, somente pelo canal financeiro, saíram US$ 4,809 bilhões, informou o Banco Central esta tarde. Na semana entre os dias 20 e 24, o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,215 bilhão.