Não foi uma grande festa nem uma noite de grande futebol. Mas o momento da seleção brasileira é tão bom que, mesmo sem empolgar, o Brasil chegou aos 36 pontos e conquistou o título simbólico das Eliminatórias Sul-Americanas com três rodadas de antecedência. Foi a nona vitória consecutiva da seleção nesta fase classificatória, contagem que começou há um ano contra o mesmo Equador derrotado por 2 a 0, na noite desta quinta-feira, na Arena Grêmio, em Porto Alegre.
A presença de público ficou abaixo do que esperava a CBF quando anunciou o jogo para Porto Alegre, mas refletiu o que se via na capital gaúcha ao longo da semana. A torcida estava animada com a presença da seleção do conterrâneo Tite, mas frustrada com o alto preço dos ingressos, que chegaram a custar R$ 800 pelo preço de face.
Nesta noite, menos de 37 mil pessoas pagaram para assistir a partida em uma arena com capacidade para 55 mil torcedores. O único setor do estádio que lotou foi o menos caro – todos os demais tinham lugares vagos, alguns com grandes clarões.
Em campo, o que se viu foi um primeiro tempo de poucas chances de gol e uma seleção brasileira que tentou cumprir o que pregava Tite na véspera do jogo: atuar com comprometimento, independente de já estar classificada para o Mundial. Se faltou uma jogada mais aguda ou lances de brilhantismo, ao menos sobrou marcação forte por parte dos jogadores. Tanto que não era incomum ver três brasileiros cercando um único jogador adversário. O time visitante, aliás, acabaria a partida com um único chute a gol.
Neymar começou a partida lembrando os tempos de Barcelona. Aberto pelo flanco esquerdo, o principal jogador do Brasil tentava abrir espaço para os avanços de Gabriel Jesus e Paulinho, que eventualmente aparecia de trás pelo lado oposto.
A marcação forte pela esquerda, contudo, obrigou Tite a liberar o jogador para flutuar por todos os setores do ataque a partir dos 15 minutos – algo que o próprio técnico havia previsto e que se assemelha ao estilo de jogo do atacante no Paris Saint-Germain. A mudança deu um pouco mais de espaço para Neymar, mas insuficiente para fazer o jogador conseguir penetração na grande área ou espaço para concluir.
Até então, a tão esperada festa em Porto Alegre estava pouco animada. E, impaciente e insatisfeita com o desempenho da seleção, parte da torcida fez o que há muito não acontecia com a seleção: vaiou o time ao término do primeiro tempo.
MUDANÇAS – Preterido por Tite entre os onze iniciais devido à falta de ritmo de jogo, Philippe Coutinho entrou nos primeiros minutos do segundo tempo na vaga de Renato Augusto. A mudança deixou o time mais ofensivo, jogou o Equador para seu campo, liberou Neymar da função de criação e fez o Brasil voltar à forma que vinha apresentando nos últimos jogos.
O novo momento do Brasil no jogo animou a torcida. Os gaúchos passaram a incentivar a seleção, que já se mostrava mais à vontade em campo.
Paulinho, o jogador que tem estrela, abriu o placar aos 23, após cobrança de escanteio. O gol foi a senha para começar a festa na Arena Grêmio, que ficou badalada de vez sete minutos mais tarde. Aquela altura, Gabriel Jesus abriu a chapelaria na grande área, encobriu um marcador e entregou de bandeja para Philippe Coutinho ampliar. As vaias do primeiro tempo deram lugar aos gritos de “olé”. Não foi tudo o que se esperava, mas teve festa.
FICHA TÉCNICA:
BRASIL 2 x 0 EQUADOR
BRASIL – Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda (Thiago Silva) e Marcelo; Casemiro, Renato Augusto (Philippe Coutinho) e Paulinho; Willian (Luan), Gabriel Jesus e Neymar. Técnico: Tite.
EQUADOR – Banguera; Pedro Velasco, Arboleda, Achilier e Ramírez; Pedro Quiñónez, Noboa, Antonio Valencia, Gaibor (Cazares) e Fidel Martínez (Marcos Caicedo); Enner Valencia (Felipe Caicedo). Técnico: Gustavo Quinteros.
GOLS – Paulinho, aos 23, e Philippe Coutinho, aos 30 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Neymar, Gabriel Jesus e Marcelo (Brasil); Fidel Martínez e Velasco (Equador).
ÁRBITRO – Mario Díaz de Vivar (Fifa/Paraguai).
RENDA – R$ 7.886.450,00.
PÚBLICO – 36.689 pagantes.
LOCAL – Arena Grêmio, em Porto Alegre (RS).