Irmã do campeão mundial Gabriel Medina, Sophia já está dando as suas primeiras batidas nas ondas e chama atenção pelo talento. Acabou de ser campeã brasileira sub-12 e recebeu elogios de alguns dos principais atletas do Circuito Mundial de Surfe e nesta semana assinou o seu primeiro contrato de patrocínio. O objetivo é repetir a façanha do irmão e chegar ao maior título da modalidade.
“Um dia quero ser campeã mundial. Me inspiro no meu irmão e tento pegar as coisas boas dele. Não sei se vou conseguir superá-lo, mas posso chegar lá”, afirmou a garota de 12 anos, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo na sede do Instituto Gabriel Medina, na praia de Maresias, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, logo após um treino pela manhã.
“Eu venho cedo para o Instituto, aí fazemos natação, aula de inglês, atividade física funcional, curso de tecnologia e aula de surfe. Ficamos duas horas no mar. Aí à tarde eu vou para a escola”, contou Sophia Medina, que já faz com o assessor Fábio Maradei o media training, curso voltado para lidar melhor com a imprensa. Ela mesma reconhece que é mais fácil surfar do que dar entrevistas.
“Minha vida mudou muito porque agora eu decidi de verdade que quero ser surfista. Mudei de escola para ficar melhor para o Instituto, mudei minha rotina, praticamente tudo”, contou, lembrando que também precisa aprender a se portar fora da água. “É bem difícil, mas cada atleta tem de fazer isso e se preparar. O Instituto ajuda, tem media training, isso me ajuda bastante para dar entrevista, para desenvolver, não precisa ser boa só dentro da água, mas fora também”.
Em casa, a família toda respira surfe, ainda mais depois da criação do Instituto que faz um projeto social de alto rendimento para a modalidade. Charles não é somente pai, é também técnico de Gabriel e de Sophia. Simone sempre que pode acompanha eles nas viagens das etapas. E o filho do meio, Filipe, não virou surfista, mas faz faculdade de educação física. Assim, o caminho em direção a ficar em cima da prancha foi quase inevitável para Sophia.
No momento que a menina pensava sobre o que gostaria de fazer, teve uma conversa com o pai, que explicou que não daria para conciliar o surfe com o futebol, sua outra paixão. Ele disse que ela poderia acabar se machucando se ficasse com as duas modalidades e que uma coisa não iria ajudar na outra, pois são esportes que trabalham músculos diferentes.
A decisão veio, ainda mais com a inspiração de Gabriel, que conquistou o título mundial em 2014, inédito para o Brasil, e é um dos surfistas mais famosos da atualidade. “Aprendo com ele a ter humildade, talento, determinação, foco, fé e várias coisas boas. Ele é goofy em cima da prancha e eu sou regular, mas tento me inspirar no estilo dele”, disse Sophia, que também tenta ser radical. “Eu completei dois aéreos há um mês e estou arriscando. É uma manobra diferente e acho que vão valorizar se eu completar um”.
Na última quarta-feira, ela formalizou seu primeiro contrato profissional com a Rip Curl, que patrocina também Gabriel Medina desde 2009. “Estamos firmando o primeiro contrato formal, que envolve pagamento em dinheiro, fora infraestrutura, roupas de borracha e roupas para se vestir adequadamente com os produtos da Rip Curl. Temos uma linha infantil e ela vai ajudar a levar a imagem da nossa marca e produtos. Estamos super felizes. É só o começo de uma longa empreitada”, explicou Fernando González, gerente de marketing da Rip Curl no Brasil.
A empresa não revela quanto paga a seus atletas. “Não são valores ainda exuberantes. O que a gente oferece é muito mais uma condição para que ela possa acreditar que poderá viver do surfe no futuro. Ela vai administrar bem esses recursos para poder investir na carreira dela, desenvolver o inglês e ter a base bem sedimentada para uma carreira profissional”, continuou o executivo, feliz da vida por patrocinar Sophia pelos próximos dois anos, até 31 de agosto de 2019.