O zagueiro Gerard Piqué admitiu nesta quarta-feira que chegou a avaliar a possibilidade de deixar de atuar pela Espanha após ser alvo de críticas por ter se posicionado favoravelmente ao referendo pela independência da Catalunha, mas apontou que seguirá defendendo a equipe nacional, assegurando que está comprometido com a seleção.
Na sua avaliação, deixar de vestir a camisa da Espanha seria uma vitória para os seus críticos. “Eu considerei, mas você deve avaliar todas as opções e, depois de pensar sobre isso por um longo período de tempo, eu decidi não sair porque isso seria deixar as pessoas que me insultaram vencer”, afirmou.
Piqué participou do referendo realizado no último domingo na Catalunha e foi às lágrimas ao dar uma entrevista na qual criticou as ações violentas da polícia espanhola para conter manifestantes durante a votação, considerada ilegal pelo governo do país. Nos conflitos, mais de 890 civis e cerca de 430 membros da polícia se feriram, segundo números oficiais do governo.
No dia seguinte, então, Piqué foi vaiado por torcedores durante um treinamento da seleção espanhola em Madri. “Eu acredito que as pessoas que me vaiaram são uma minoria e eu não vou lhes dar o luxo de sair. Eu tenho todas as confiança de que há muitas pessoas, inclusive neste grupo, querem que eu fique e ajude o time a vencer os jogos”, acrescentou o zagueiro do Barcelona.
Piqué, que ressaltou o seu direito de expressar as suas opiniões políticas, também defendeu que jogadores com postura favorável à independência da região da Catalunha podem atuar pela seleção da Espanha, pois esse desejo não representaria um confronto ao país.
“Eu creio que um atleta pode ser independentista e pode jogar pela seleção. Há muitos catalães que são separatistas porque querem ter seu próprio país, não porque tenham algo contra a Espanha. Se você não tem nada contra a Espanha, por que não poderia jogar pela seleção?”, afirmou.
Anteriormente, no último domingo, Piqué havia declarado que poderia deixar de defender a seleção da Espanha caso a sua situação representasse um incômodo ao técnico Julen Lopetegui ou aos seus companheiros de equipe. Mas agora reiterou o seu comprometimento com a equipe nacional.
“É impossível duvidar do meu compromisso com a seleção nacional, venho aqui desde os 15 anos, considero isso como a minha família. Tenho orgulho de jogar pela Espanha e me incomoda que as pessoas duvidem disso”, afirmou.
Piqué, de 30 anos, já disputou 91 jogos pela seleção da Espanha, tendo sido parte do elenco que faturou a Copa do Mundo de 2010 e a Eurocopa de 2012. Líder isolada do Grupo G das Eliminatórias Europeias, com 22 pontos, a Espanha enfrenta a Albânia na próxima sexta-feira, em casa, na cidade de Alicante, onde tem chance de assegurar vaga no Mundial da Rússia com uma rodada de antecipação em caso de um tropeço da Itália em outro jogo do dia. Na próxima segunda, pela jornada final desta chave, os espanhóis encaram Israel, em Jerusalém.