O COI baniu nesta terça-feira a Rússia de participar dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang-2018, apenas quatro anos depois de sediar a Olimpíada mais cara da história, com um orçamento de US$ 51 bilhões. A bandeira russa não poderá ser erguida no estádio de abertura, nenhum dirigente político ou esportivo poderá viajar até o evento na Coreia do Sul e os atletas que forem autorizados a participar terão de competir sob bandeira neutra.
Nenhum hino da Rússia poderá ser tocado e Vitaly Mutuo, organizador da Copa do Mundo de 2018, está banido para sempre de todos os eventos olímpicos, enquanto que a elite dos dirigentes russos estão suspensos.
Após uma investigação, a entidade concluiu que houve uma “manipulação sistêmica do controle de doping”. No Rio de Janeiro, em 2016, um terço dos atletas também foram afastados. Mas, agora, a suspensão é generalizada a todas as modalidades. “Nunca vimos uma manipulação dessa magnitude e causou dano sem igual ao movimento olímpico”, disse o COI.
Para a entidade, foi o Ministério de Esportes que “fracassou” em lidar com a situação. “Trata-se de um ataque sem precedentes na integridade do esporte”, disse o alemão Thomas Bach, presidente do COI. Segundo ele, em Sochi em 2014, o laboratório de controle de doping foi amplamente manipulado. Richard McLaren, investigador independente da Wada (Agêndia Mundial Antidoping, na sigla em inglês), denunciou a existência de um sistema para encobrir mais de mil casos de doping de atletas russos.
O problema central, porém, não é o envolvimento apenas de atletas. Mas as descobertas de Richard McLaren apontam que Vitaly Mutko, ex-ministro russo de esportes e atual organizador da Copa do Mundo, era o chefe do plano de Estado para garantir que atletas pudessem se dopar, sem risco de serem pegos. Desde então, porém, ele foi promovido dentro do governo russo e se transformou em vice 1.º Ministro. O COI rompeu com a sua posição dos últimos meses e confirmou que aceitava as conclusões de McLaren.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, deixou claro que Moscou vai continuar a questionar essas descobertas. “Elas não têm base”, disse. “Vamos defender nossos atletas com todos os meios possíveis”, insistiu. Uma investigação russa ainda concluiu que o delator dos casos de doping, o ex-chefe do laboratório russo, Grigory Rodchenkov, foi quem fornecia os remédios ilegais aos atletas. Vladimir Putin, presidente russo, chegou a dizer que a acusação vinha de um “homem com uma reputação escandalosa”.
A decisão também coloca uma pressão sobre a Fifa. A entidade tem em Vitaly Mutko o seu principal interlocutor para organizar o Mundial de 2018. Depois de dizer que o doping não existia, a secretária-geral da entidade, a senegalesa Fatma Samoura, optou por afirmar apenas que o problema “não era generalizado” no futebol russo.
Já o suíço Gianni Infantino, presidente da Fifa, deixou claro que uma punição a Vitaly Mutko pelo COI “não afetaria” a relação de sua entidade com o russo.