Produção recua 17 em dos 26 ramos industriais em dezembro ante novembro, diz IBGE

O avanço de 0,9% na indústria em dezembro ante novembro foi disseminado entre as atividades pesquisadas, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira, 2. Em dezembro de 2020, 17 dos 26 setores investigados registraram alta na produção, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física.

Puxaram a alta as produções da Metalurgia (19,0%), de Veículos automotores, reboques e carrocerias (6,5%) e das Indústrias extrativas (3,7%), segundo o IBGE. André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, ressaltou que a indústria automotiva, que registrou o oitavo mês seguido de alta, tem ditado o ritmo da recuperação industrial após o fundo do poço da pandemia.

"Os veículos lideraram a recuperação da produção industrial ao longo de 2020", afirmou Macedo, lembrando ainda que o próprio avanço na produção de automóveis e caminhões aumenta a demanda por produtos metalúrgicos, o que explica a alta na metalurgia em dezembro ante novembro.

Já o avanço de 3,7% nas indústrias extrativas foi puxado pelo minério de ferro, disse o pesquisador do IBGE. Segundo Macedo, a produção de petróleo teve desempenho negativo, especialmente por causa de paradas para manutenções programadas.

No processo de recuperação como um todo, 16 dos 26 ramos pesquisados pela PIM-PF superaram o nível de produção de fevereiro do ano passado, o último mês antes da covid-19 se abater sobre a economia. O melhor desempenho de recuperação ficou com a indústria têxtil, cujo nível de produção ficou 26,0% acima do nível de fevereiro de 2020. A indústria automotiva está 9,1% acima de fevereiro. A indústria em geral superou em 3,4% o nível de produção anterior à pandemia.

Na contramão, o destaque entre as nove atividades que tiveram queda na comparação com novembro foi a fabricação de produtos alimentícios, com queda de 4,4%. Foi o terceiro mês seguido de queda. No período, a produção de alimentos acumulou 11,0%, conforme o IBGE. Com isso, o nível de produção da indústria alimentícia está 5,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020.

Macedo lembrou que a indústria de alimentos teve comportamento descolado das demais atividades. No início da pandemia, suas perdas de produção foram menores do que as demais. Mais recentemente, a aceleração da inflação de alimentos, a redução do auxílio emergencial e questões sazonais podem explicar o desempenho negativo, disse Macedo. A produção de açúcar, que obedece a dinâmica do comércio exterior, contribuiu para a queda, completou o pesquisador.

<b>Comparação anual</b>

A alta de 8,2% registrada pela indústria em dezembro de 2020 ante dezembro de 2019 foi decorrente de ganhos na produção em 19 das 26 atividades pesquisadas, segundo o IBGE.

Dezembro de 2020 teve um dia útil a mais do que igual mês do ano anterior. Segundo André Macedo, o efeito-calendário, a fraca baixa de comparação de dezembro de 2019 (quando houve queda de 1,3% na produção ante dezembro de 2018) e o próprio movimento de recuperação após as perdas provocadas pela pandemia de covid-19 ajudam a explicar o bom desempenho.

O índice de difusão da indústria – que mostra o porcentual de produtos com crescimento na produção em relação ao mesmo mês do ano anterior – ficou em 68,9% dos 805 produtos pesquisados em dezembro de 2020.

Entre as atividades, as principais influências no total da indústria foram registradas veículos automotores, reboques e carrocerias (22,6%), máquinas e equipamentos (37,4%) e metalurgia (28,9%).

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