Filho único da união entre a atriz Tônia Carrero e o artista plástico Carlos Arthur Thiré, Cecil Thiré morreu enquanto dormia, nesta sexta-feira, 9, em sua casa no bairro do Humaitá, no Rio. Tinha 77 anos e há tempos sofria os efeitos do mal de Alzheimer. Além de ator e diretor de teatro, cinema e televisão, foi também professor de interpretação. No imaginário dos telespectadores, será sempre lembrado como o assassino na novela de Sílvio de Abreu, A Próxima Vítima.
O nome foi uma homenagem ao avô, o professor Cecil Thirté, que foi parceiro do lendário Malba Tahan na escrita de seus livros sobre matemática. Jovem e belo, estudou teatro com Adolfo Celi, com quem sua mãe foi casada entre 1951 e 1962, mas ao seguir carreira foi visto durante muito tempo apenas como o filho da grande estrela Tônia Carrero. O próprio Cecil era o primeiro a admitir que foram necessários muitos anos de análise para se assumir como ator, incluindo contracenando com Tônia.
Cecil estreou no cinema aos 9 anos, num papel de Tico-Tico no Fubá, clássico da Vera Cruz dirigido por Celi e interpretado por sua mãe e Anselmo Duarte. Atuou em mais de 20 filmes. Foi assistente de direção de Ruy Guerra no clássico Os Fuzis, de 1964. Dirigiu o curta Os Mendigos e os longas O Diabo Mora no Sangue e O Ibrahim do Subúrbio, esse último em parceria com Astolfo Araújo, cada um responsável pelo seu episódio (eram dois). Em 1971, estreou como diretor de teatro com a montagem de um grande texto de Henryk Ibsen, Casa de Bonecas. Em 1975, ganhou o Prêmio Molière pela direção de A Noite dos Campeões, de Jason Miller. Em 1984, abandonou palco e tela para se tornar professor de interpretação, mas dez asnos depois voltou à ativa com três montagens seguidas. Era considerado um gentleman, mas seus maiores sucessos em novelas iam contra essa imagem. Estourou em Roda de Fogo, como o vilão gay Mário Liberato e, anos depois, de novo caiu no gosto do público como o assassino Adalberto Vasconcelos, de A Próxima Vítima.
Na Globo, ainda dirigiu os humorísticos O Show do Gordo e Zorra Total. Em 2006 saiu da emissora e foi ser ator e diretor na Record, da qual saiu em 2014. Entrou na Justiça contra a emissora, num processo por direitos trabalhistas, e venceu. Casou-se três vezes e teve quatro filhos. Uma de duas últimas aparições em público foi em 2018, quando assistiu, visivelmente abalado, à cremação do corpo de sua mítica mãe.