O torcedor do Santos acha que ele nem deveria estar em campo. Mas quando o clássico contra o Corinthians se iniciar, nesta quarta-feira, na casa do rival, Vanderlei vai carregar parte da esperança de ajudar a equipe a encerrar um péssimo retrospecto: o time perdeu as últimas seis partidas que fez como visitante, desempenho que o deixa perto da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro e coloca o técnico Jair Ventura sob pressão.
Vanderlei era a principal aposta do Santos para ter um representante na seleção que disputará a Copa do Mundo. Mas além de Alisson e Ederson, o técnico Tite optou por convocar Cássio para o torneio na Rússia. E será exatamente contra o time do terceiro goleiro do Brasil que o santista completará a marca de 200 jogos pelo clube.
A atual tarefa de Vanderlei, porém, não é menos nobre. Com uma partida a menos do que os principais concorrentes, o time já chegou a figurar na zona de rebaixamento do Brasileirão e começou a esboçar uma reação no último domingo, quando goleou o Vitória por 5 a 2. “Futebol tem oscilações. Não podemos ficar assim por muito tempo. Temos que reagir, como foi contra o Vitória em casa. E não pode parar por aí”, avisou Vanderlei, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
O triunfo trouxe alívio, mas ainda não foi suficiente para recuperar o Santos, que só venceu times que estão na zona da degola do Brasileirão – Ceará, Paraná e Vitória – e ainda não pontuou como visitante, com quatro derrotas, desempenho igual ao do Bahia. Por isso, há a esperança de que o clássico contra o Corinthians traga a vitória de peso para o time resgatar a confiança. Seria o “divisor de águas”, como se ouve no mundo do futebol.
“Como estamos embaixo, porque oscilamos, temos que procurar vencer, a começar pelo clássico, que é sempre difícil e equilibrado. Mas temos tudo para fazer um grande jogo e conquistar confiança. É um jogo que pode mudar os ares”, reconheceu Vanderlei.
Após encarar o Corinthians, o Santos ainda terá outros dois compromissos pelo Brasileirão antes da pausa para a Copa do Mundo – diante de Fluminense e Internacional, rivais que estão na parte de cima da tabela de classificação, entre os oito primeiros colocados. Ou seja, serão compromissos, teoricamente, complicados.
Pontuar nesses três jogos é fundamental para o time não voltar à zona de rebaixamento e ter um ambiente de tranquilidade na intertemporada, quando terá tempo de recuperar os jogadores lesionados – o time teve sete desfalques por problemas físicos contra o Vitória – e buscar reforços no mercado.
“Se quisermos coisas grandes temos que fazer o máximo de pontos agora no Campeonato Brasileiro, até porque na Copa do Brasil e na Libertadores estamos classificados e só seguirão depois da Copa. Então, isso dará tranquilidade maior para recuperar os jogadores que estão no DM e dar confiança ao elenco, além das possíveis chegadas de peças”, comentou Vanderlei.
A marca de 200 jogos e os 34 anos legam a Vanderlei o papel de líder do elenco, ao lado de nomes como David Braz e Renato. São eles que tentam passar tranquilidade a jovens como Yuri Alberto, Daniel Guedes e Rodrygo neste momento de instabilidade e cobranças sobre o grupo. “Nosso grupo é jovem e sempre foi assim. O Santos sempre teve jovens, com os jogadores experientes que passavam a tranquilidade para dar equilíbrio ao elenco”, comentou o goleiro.
Os 200 jogos pelo Santos e o status de ídolo perante a torcida confirmam a importância de Vanderlei para um clube de gosta de se gabar pelo seu DNA ofensivo. Campeão paranaense pelo Paranavaí em 2007, no início da sua carreira, o goleiro se destacou sempre pela sua regularidade, como nos oito anos em que defendeu o Coritiba, com pouco mais de 400 jogos disputados.
A chegada ao Santos em 2015 e as grandes atuações pelo clube representaram um passo além na sua carreira. Vanderlei já tem dois títulos estaduais e entrou recentemente para o Top 10 dos goleiros que mais atuaram pelo clube, que conta com nomes como Gylmar e Rodolfo Rodrigues. E ele quer mais. “É importante marcar história no clube, é algo que poucos atletas conseguem. Mas não quero parar por aqui. E sei que o nome fica gravado pelos títulos”, concluiu o goleiro, que tem contrato até 2020 com o Santos.
Confira a relação dos goleiros que mais atuaram pelo Santos:
Manga (1953 a 1959) – 401 jogos
Fábio Costa (2000 a 2003 e 2006 a 2010) – 345 jogos
Laércio (1957 a 1969) – 337 jogos
Gylmar (1962 a 1969) – 331 jogos
Marolla (1973 a 1983 e 1985) – 282 jogos
Rodolfo Rodriguez (1984 a 1988) – 255 jogos
Cejas (1970 a 1974) – 252 jogos
Sergio Guedes (1989 a 1993 e 1996) – 242 jogos
Cláudio Mauriz (1965 a 1973) – 232 jogos
Vanderlei (desde 2015) – 199 jogos
Edinho (1991 a 1998) – 195 jogos