A confiança do consumidor recuou 3,1 pontos em abril ante março, na série com ajuste sazonal, informou na manhã desta quarta-feira, 26 a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ficou em 82,2 pontos, devolvendo cerca de 25% da alta de 12,2 pontos observada nos três meses anteriores.
“A queda da confiança dos consumidores em abril está relacionada a uma calibragem das expectativas, retratada pelo recuo do Índice de Expectativas para um nível distante da neutralidade (100 pontos), em um quadro que pode ser considerado como de pessimismo moderado. Não há como se descartar a possibilidade de que esta calibragem tenha relação com o mau humor provocado pela nova rodada de eventos políticos – como a divulgação da lista de políticos mencionados nas planilhas de controle da Odebrecht, ocorrida em 16 de abril”, avaliou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor no Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Em abril, houve piora tanto das avaliações sobre a situação atual quanto das expectativas em relação aos próximos meses. O Índice da Situação Atual (ISA) caiu 0,7 ponto, para 70,8 pontos, e o Índice de Expectativas (IE) recuou 4,6 pontos, para 91,1 pontos.
Após três meses consecutivos de resultados positivos, o indicador que mede o grau de satisfação com a situação econômica caiu 0,9 ponto, para 76,9 pontos, enquanto o Indicador de percepção com a situação financeira da família devolveu a alta discreta de março, estabilizando-se em 65,4 pontos.
Em relação às expectativas, o Indicador de Ímpeto de Compras de Duráveis nos meses seguintes foi o que mais contribuiu para a queda do índice no mês, ao recuar 7,2 pontos, para 71,1 pontos. Os demais indicadores de Expectativas também recuaram: o que mede o otimismo com a economia caiu 3,0 pontos, para 112,4 pontos; e o que mede o otimismo com situação financeira familiar recuou 3,0 pontos, para 91,3 pontos.
“Apesar de algumas variáveis econômicas (inflação e taxa de juros) e incentivos como o FGTS colaborarem para aumentar a satisfação e perspectivas, o aumento de incerteza, principalmente no ambiente político parecem agir como uma ducha de água fria no sentimento dos consumidores”, expressou a FGV, na nota.
A queda da confiança ocorreu em todas as faixas de renda. Os consumidores com renda familiar até R$2.100,00 são os que apresentam o menor nível de confiança, influenciados por avaliações negativas sobre a situação financeira atual e a piora das expectativas em relação à situação econômica.
A Sondagem do Consumidor coletou informações de mais de dois mil domicílios em sete capitais, com entrevistas feitas entre os dias 1º a 22 de abril.