A Prefeitura de São Paulo entregou nesta quarta-feira, 31, a primeira de 19 usinas geradoras de oxigênio em unidades de saúde da capital. A instalação inaugural foi no Hospital Municipal Capela do Socorro, zona sul. A expectativa é de que cada uma delas produza 9 mil m³ de oxigênio por dia, o equivalente a 900 cilindros. O investimento total do município será de R$ 9,5 milhões. Com explosão de casos de covid-19 na cidade, houve demanda extra do insumo hospitalar.
Segundo o infectologista Marcos Antônio Cyrillo, do Hospital do Servidor Público Municipal, um hospital médio na pandemia tem usado de 400 a 500 m³ de oxigênio por mês. "A construção das usinas é extremamente importante", diz. "É um insumo que realmente está faltando em todos os hospitais no Município, com menor ou maior intensidade."
A Secretaria Municipal da Saúde diz que a demanda por oxigênio cresceu 121% em março ante janeiro, mas não há falta. Informou também que as usinas serão permanentes, com volume suficiente para abastecer 596 leitos de enfermaria e 211 de UTI nos hospitais municipais, hospitais dia e unidades de pronto atendimento (UPAs).
Do total previsto, mais seis usinas serão entregues até dia 15 – mais uma na Capela do Socorro, e outras no Hospital Municipal Sorocabana, UPA Jabaquara e Hospitais Dia Tito Lopes, Flávio Gianotti e MBoi Mirim 2. As 12 restantes devem ser entregue até o fim do mês nos Hospitais Dia Itaim Paulista, São Matheus (Tietê 2), São Miguel, Brasilândia, Butantã, Lapa, Mooca, Penha, Vila Prudente, Campo Limpo, Cidade Ademar e MBoi Mirim 1.
A produção das usinas poderá ser distribuída diretamente pela tubulação do hospital e também envasada em cilindros para atender outras unidades. "Ninguém esperava esse aumento repentino da demanda. Como não é muito simples implementar essas usinas, por motivos de segurança, demorou um pouco. O ideal era já ter feito anteriormente. Mas o importante é que está sendo feito agora", reconhece Cyrillo.
João Delgado, diretor executivo de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), diz que a manutenção de uma usina de oxigênio como a instalada ontem é simples. Exige basicamente o monitoramento da bomba de compressão, dos filtros e observar se a pressão está dentro do limite. Mas é cedo para dizer se haverá benefício econômico.
"Não sei se vai dar economia, pois depende de vários fatores, como logística para distribuição, investimento para instalação de tubulações", afirma Delgado. "Vai gerar, sem dúvida, maior independência aos hospitais, que não dependerão tanto de fornecimento de terceiros. A conta sobre economia terá de ser feita depois."
Além das usinas, a cidade obteve a doação de 400 cilindros de oxigênio pela Federação das Indústrias do Estado (Fiesp). O Município anunciou também ontem mais 60 leitos de UTI e 180 de enfermaria para covid, e 55 leitos para tratamento de outras enfermidades, todos em parceria com empresas privadas. Conforme a Prefeitura, a ocupação de UTI ontem era de 91% e de enfermaria, de 85%.
<b>Pelo Estado</b>
Levantamento do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo esta semana mostrou que 120 municípios paulistas tinham, no dia 27, situação crítica de estoque de cilindros de oxigênio gasoso. Na lista estão cidades de região metropolitana, como Franco da Rocha; da Baixada, como Santos; e do interior, como Ribeirão Preto. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>