Depois de anunciar nesta sexta-feira uma lista de 23 convocados da seleção brasileira para os amistosos contra Uruguai e Camarões, que serão respectivamente nos dias 16 e 20 de novembro, na Inglaterra, o técnico Tite admitiu insatisfação com o fato de que o calendário do futebol brasileiro não é paralisado durante as datas Fifa. Por causa do problema, o treinador chamou o zagueiro Dedé, do Cruzeiro, como único jogador de destaque hoje atuando no País para estes dois próximos duelos da equipe nacional.
Ao falar sobre o assunto, o comandante revelou que vem conversando com o diretor executivo e presidente eleito da CBF, Rogério Caboclo, para que a seleção não seja tão prejudicada por este problema, pois recentes convocações de outros jogadores envolvidos em confrontos do Brasileirão ou da Copa do Brasil geraram críticas a ele e consequentemente também desgastaram a relação da entidade com clubes que tiveram atletas chamados para outros amistosos.
“Tivemos uma reunião. Caboclo, eu e Edu. No sentido de tentar reconduzir isso. É desconfortável, traz prejuízo ao clube, ao atleta, à entidade, à seleção. Existem algumas amarras também de Conmebol, e procuramos retirar esses problemas, porque eles nos afetam, nos prejudicam sim”, afirmou Tite, em entrevista coletiva na sede da CBF, no Rio.
Ao abordar esta questão, o técnico lembrou da convocação do meia Lucas Paquetá, do Flamengo, para os amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, que foi motivo de descontentamento do clube carioca. O time ficou sem o atleta em dois jogos do Campeonato Brasileiro e só pôde tê-lo em parte do duelo de ida da semifinal da Copa do Brasil, contra o Corinthians, no Maracanã, porque ele havia chegado dos Estados Unidos no mesmo dia da partida diante da equipe paulista.
Entretanto, Tite disse que a convocação de Paquetá inevitavelmente gerou uma valorização do jogador, negociado com o Milan em uma grande transação confirmada recentemente pelo Flamengo. “Será que se o Paquetá não tivesse sido convocado para a seleção brasileira, ele iria ser vendido pelo valor que ele foi? Se eu tivesse mais tempo com ele, será que não estaria no time titular (da seleção)?”, questionou.
O treinador ainda recordou da operação que o Cruzeiro precisou montar para poder contar com Arrascaeta para que o meio-campista pudesse defender a equipe no confronto de volta da Copa do Brasil, contra o Corinthians, em São Paulo, após ser chamado para defender o Uruguai em amistosos na Ásia. “Arrascaeta precisou viajar tantas horas. A integridade física do atleta pode ser afetada. Há espaço para melhorias, sim, e estamos buscando soluções para isso”, reforçou Tite.