A desaceleração dos alimentos in natura foi o principal motivo do arrefecimento no ritmo de alta do grupo Alimentação e consequentemente do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da primeira leitura de maio. A avaliação é do coordenador do IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas. Segundo ele, a expectativa é que os preços de muitos itens alimentícios in natura continuem comportados ao longo do mês. Essa percepção foi um dos motivos que o levaram a mudar a previsão para o IPC fechado de maio de 0,28% para 0,21%. “Basicamente reduzimos a projeção por causa de Alimentação e Transportes”, justifica. Em abril, o IPC ficou em 0,61% e desacelerou para 0,58% na primeira quadrissemana de maio.
De acordo com Chagas, os preços dos combustíveis devem continuar caindo e inibir um pouco os efeitos finais do reajuste em transporte urbano integração sobre o grupo no fim do mês. No IPC da primeira quadrissemana, o aumento pesou, com o item integração apresentando alta de 11,42%, após 7,62%. “Está no auge da alta, depois deve desacelerar”, estima. Já a gasolina ficou 1,62% mais barata na primeira quadrissemana do mês, depois de cair 1,98%. Já o etanol recuou 3,94% no período, na comparação com -5,10% no fim de abril. O grupo Transportes, por sua vez, atingiu 0,55% na primeira leitura de maio, depois de 0,16% em abril.
Em relação ao grupo Alimentação, o coordenador do IPC espera alívio nos preços de alguns alimentos in natura e de carnes. Segundo ele, levantamentos da Fipe já mostram desaceleração no ritmo de alta dos preços de carnes, especialmente da bovina, a despeito da volta da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do produto no Estado de São Paulo desde 1º de abril. Conforme o economista, o aumento médio de 8% previsto pelo setor não deve ser totalmente repassado. “A demanda pode estar limitando a capacidade de transferência por toda a cadeia”, afirma.
Isso porque os preços das outras carnes avançaram na primeira quadrissemana. A de frango ficou 8,02% mais cara, depois de subir 5,74% no fim de abril. Já os preços da carne suína e da bovina arrefeceram para 3,68% (de 3,83%) e para 2,20% (de 3,05%), respectivamente. “No ponta (pesquisa recente), carne bovina está subindo menos, cerca de 1%”, adianta. Segundo ele, o encarecimento na carne de frango e em leites (1,41% ante -0,40%) pressionou o segmento de semielaborados para 2,83%, após 2,40% no encerramento do mês passado.
Os produtos industrializados também tiveram taxa maior no período, de alta de 0,16%, na comparação com recuo de 0,04% anteriormente. O destaque foram os derivados do leite (de 1,65% ante 1,46%), enquanto os derivados da carne caíram 1,15%, após retração de 0,76%.
Os alimentos in natura, por sua vez, tiveram desaceleração para 1,04% na primeira quadrissemana, na comparação com 2,25% no fim de abril. No geral, houve alívio em quase todos os categorias. As frutas ficaram 4,35% mais baratas (de -4,33%), puxadas pela queda de 12,20% da laranja, a mesma apresentada anteriormente. Os preços das verduras caíram 2,42%, após recuarem 2,32%.
Já os preços de tubérculos subiram 16,26%, depois de 12,96% no fim de abril. “Batata e cebola subiram (30,54% e 17,09%, respectivamente). Só a batata está dando sinais de desaceleração”, diz. Na leitura passada, a batata teve alta de 28,57% e a cebola, de 7,21%.