A Bovespa abriu em alta e, portanto, em linha com a valorização dos ativos domésticos observada com a queda do dólar e o recuo das taxas no mercado de juros futuros. Na máxima, o indicador já superou a marca dos 63 mil pontos nesta quarta-feira, 24.
Segundo analistas, o pregão será mais um dia de recuperação de preços, porque muitas ações perderam valor muito rapidamente e ficaram baratas, considerando seus fundamentos. Um exemplo disso são os papéis das blue chips do setor financeiro, que acumulam perdas de dois dígitos – exceto a Unit do Santander (-6,99%) -, mesmo subindo mais de 2% neste início de pregão.
Às 10h17, o Ibovespa subia 1,30% aos 63.474,02 pontos. Na máxima, marcara 63.591 pontos em alta de 1,48%.
O motivo para a valorização dos ativos domésticos é o cenário político. Uma leitura preponderante é que “a perspectiva de uma saída rápida” do presidente Michel Temer – e assim a preservação do andamento das reformas fiscalistas no Congresso – “podem contribuir para a recuperação dos mercados”.
O diagnóstico, exposto em texto da LCA Consultores, está presente em relatórios de diversos outros analistas nesta quarta-feira. Corroboram essa tese algumas importantes notícias: a articulação do PSDB nos bastidores sobre qual seria o melhor momento para desembarcar do governo; a adesão do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), ao “Fora Temer” (nesta quarta desde às 10 horas no Parque da Cidade, em Brasília); a decisão do DEM de não impor o nome de uma de suas estrelas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), caso ele tenha o mandato cassado pelo TSE ou renuncie ao cargo em meio à crise política.
O DEM admite que o tucano Tasso Jereissati (CE), nome que tem sobrevivido aos vários ensaios pode ser um bom nome para suceder Temer.
Uma outra notícia que fortalece a tese de “saída rápida de Temer” foi o resultado vexaminoso do que era considerado o primeiro teste para o capital político de Temer após o estouro do escândalo em que ele é pivô. A audiência pública no Senado para discutir a reforma trabalhista teve briga entre dois senadores da República. O texto, que sequer chegou a ser lido mas foi dado como lido pelo relator, o tucano Ricardo Ferraço (ES), segue em vista coletiva por uma semana.
Por outro lado, é importante destacar, a Câmara aprovou na terça à noite, em votação simbólica, a medida provisória (MP) que autorizou o saque do dinheiro de contas inativas do FGTS. A medida ainda precisa passar pelo Senado antes de 1º de junho, quando perde a validade.