A apreciação do dólar no mercado internacional se sobrepõe ao ambiente doméstico mais brando e o dólar opera nesta sexta-feira em alta significativa contra o real, avançando além do patamar dos R$ 5,61. Apesar de os motivos da pressão serem externos, profissionais de câmbio não descartam a possibilidade de o Banco Central (BC) voltar a intervir na moeda, como fez ontem, se houver volatilidade excessiva.
O estrategista Jefferson Laatus, do Grupo Laatus, afirma que a abertura do dólar em alta já era esperada, uma vez que o cenário internacional é de tensão, principalmente por conta das dificuldades nas negociações entre Reino Unido e União Europeia para o pós-Brexit.
Do ponto de vista doméstico, ele afirma que o mercado deixou para precificar antecipadamente a manutenção do veto do funcionalismo público, que se concretizou após o encerramento dos negócios. "Na prática, não há notícia positiva. A votação da Câmara apenas evitou um mal maior", afirma o profissional.
A deterioração do sentimento de risco nos mercados globais após confirmação do fracasso das negociações entre Reino Unido e UE leva a uma fuga da renda variável para a fixa, o que derruba os juros dos Treasuries às mínimas do dia. Os futuros dos índices da bolsa de Nova York recuam e o dólar tem alta quase generalizada, tanto entre divisas fortes como ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities.
Às 10h45, o dólar à vista era negociado a R$ 5,6150, em alta de 1,13%. No mercado futuro, o dólar para liquidação em setembro avançava 1,05%, aos R$ 5,6160.