Os clubes brasileiros ficaram com pouco mais de 1% do dinheiro distribuído pela Fifa por conta do “empréstimo” que os times fizeram de seus jogadores para seleções que disputaram a Copa do Mundo da Rússia.
No total, a Fifa usou US$ 209 milhões (cerca de R$ 804 milhões) de uma receita de US$ 5 bilhões (R$ 19 bilhões) para distribuir parte dos lucros para 416 clubes de 63 países. O aumento do valor dado aos times foi de 200% em comparação ao Mundial de 2014, no Brasil. Trata-se de uma espécie de compensação por parte da entidade, depois que clubes passaram a se queixar de que são eles quem pagam pelos jogadores e, eventualmente, os recebem depois de um Mundial em uma situação física prejudicada.
Pelas regras da Fifa, quanto maior o número de jogadores fornecidos por um clube ao Mundial e quanto mais tempo ele tenha passado na Rússia por conta do torneio, maior seria o pagamento. Sem surpresas, os dez clubes que mais receberam dinheiro foram justamente os dez mais ricos do mundo e todos eles da Europa, detentores dos direitos dos principais craques da Copa.
A lista é liderada pelo Manchester City, com US$ 5 milhões (R$ 19 milhões) e Real Madrid, com US$ 4,8 milhões (R$ 18,4 milhões), além de Tottenham, Barcelona, Paris Saint-Germain, Chelsea, Manchester United, Atlético de Madrid, Juventus e Monaco.
Durante o Mundial, 77% dos jogadores que foram à Rússia atuavam por clubes europeus. Mas, em seleções que dependiam essencialmente de seus jogadores que ainda atuam em seus campeonatos nacionais, o volume de dinheiro também foi importante. Mais de US$ 1 milhão foi dado ao Al Ahly (Egito) e aos sauditas Al-Hilal e Al-Ahli, Pachuca, do México. Na Argentina, o Boca Juniors também foi beneficiado.
No Brasil, o clube que mais ganhou com a Copa foi o Corinthians, com US$ 645 mil (R$ 2,4 milhões), contra US$ 435 mil (R$ 1,6 milhão) para o Flamengo e US$ 425 mil (R$ 1,63 milhão) para o Palmeiras. Por “emprestar” jogadores para diferentes seleções, o Vasco, Cruzeiro, Grêmio e São Paulo receberam entre US$ 237 mil (R$ 911 mil) e US$ 322 mil (R$ 1,2 milhão). O Sport também levou mais US$ 41 mil (R$ 157 mil).
No total, os clubes brasileiros somaram US$ 2,7 milhões (R$ 10,3 milhões), contra US$ 11 milhões (R$ 42 milhões) para o total dos times sul-americanos. Já os clubes europeus receberam US$ 157 milhões (R$ 604 milhões). Só o Chelsea ou o Manchester United levaram mais que todos os brasileiros juntos.
“É responsabilidade da Fifa redistribuir a receita dessa competição entre toda a comunidade e os clubes merecem também pela contribuição que fazem ao sucesso”, indicou Gianni Infantino, presidente da Fifa.
O anúncio do dinheiro vem no momento em que os clubes europeus se mobilizam para romper com as entidades internacionais e criar sua própria liga, segundo revelou recentemente a iniciativa Football Leaks.