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O técnico Tite disse nesta quarta-feira que, mesmo que surja o convite, não irá se encontrar com o presidente eleito Jair Bolsonaro no próximo ano antes ou depois da Copa América. De acordo com o treinador da seleção brasileira, a sua atividade “não se mistura” com a política e ele não se sentiria “confortável” com um encontro com o político.
O encontro de técnicos e jogadores da seleção com presidentes da República foram comuns no passado antes de Copas do Mundo – e, principalmente, após a conquista dos títulos. Este ano, contudo, a tradição foi quebrada e o técnico não levou a seleção para Brasília antes da viagem à Rússia. Tite havia antecipado isso em fevereiro, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, quando afirmou que não iria à capital federal “nem antes nem depois da Copa. Nem ganhando, nem perdendo”.
Agora, o treinador já avisou que pretende se manter afastado do Palácio do Planalto também em função da Copa América, mesmo ela sendo realizada no Brasil. “Não (vou me encontrar com o presidente). Eu continuo com a mesma opinião. Não. A minha atividade não se mistura e eu não me sinto confortável em fazer essa mistura. Não”, insistiu.
A declaração foi dada enquanto Tite respondia a um questionamento de jornalistas sobre qual era a sua opinião sobre a participação de Bolsonaro na festa do título do Palmeiras, no domingo passado. O treinador não quis dar uma resposta direta, mas deu a entender que discordava da presença do presidente eleito no momento da entrega da taça ao campeão do Campeonato Brasileiro.
“Eu tenho opinião, mas não quero opinar, não devo opinar. Sei da minha posição, não quero”, desconversou Tite. Após um repórter insistir com a pergunta e indagar se aquele momento não deveria ser de festa exclusiva de jogadores e dirigentes, o treinador da seleção respondeu que “tu estás fazendo uma pergunta em que está implícita a resposta”.
Tite foi além. Segundo ele, não se deve misturar futebol e política porque o esporte “é um meio que viabiliza princípios e uma série de outra escala de valores éticos, morais, competitivos”. “Então, da minha parte, não (misturo). Do outro, eu respeito”.
ALUNO – As declarações do técnico foram dadas em Teresópolis (RJ). O “professor” Tite é um dos 65 alunos do curso Licença Pro, mais alta graduação oferecida a treinadores no Brasil e organizado pela CBF Academy, braço educacional da CBF. Pelos próximos 11 dias, ele dividirá uma sala de aula na Granja Comary com outros 64 profissionais que atuam no futebol brasileiro, entre técnicos e auxiliares. Uma das intenções do curso é fazer um estudo sobre como jogam as 20 equipes da primeira divisão nacional.
Além de Tite, outros dois ex-treinadores da seleção brasileira integram o grupo de alunos. Dunga, que treinou o Brasil em duas oportunidades (2006-2010 e 2014-2016) e Mano Menezes (2010-2012) sentaram na primeira fila neste primeiro dia de atividades.
Apenas profissionais convidados pela CBF – e que desembolsem R$ 19 mil – podem se graduar na Licença Pro, que tem como pré-requisito diploma de ensino médio e conclusão do curso Licença A. Esse, por sua vez, se tornará obrigatório para treinadores da Série A do Brasileirão a partir do próximo ano.