O setor bancário europeu gerou um otimismo generalizado nos mercados acionários europeus, que fecharam em alta nesta segunda-feira, 26, após a notícia de que o governo italiano ofereceu recursos dos contribuintes para salvar o frágil sistema financeiro do país. A saída do Reino Unido da União Europeia, processo conhecido como Brexit, e dados da Alemanha também estiveram no radar dos investidores.
No fim do pregão, porém, a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de reverter parcialmente o veto ao decreto anti-imigração do presidente Donald Trump abrandou o otimismo visto desde o início da sessão.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,40% (+1,54 ponto), aos 389,16 pontos.
No domingo, o governo italiano ofereceu 5,2 bilhões de euros para manter os bancos Veneto Banca e Banca Popolare di Vicenza em operação. O movimento vem após o Banco Central Europeu (BCE) ter alertado, na noite de sexta-feira, que as duas instituições estavam “falindo ou prestes a falir”.
Segundo o BCE, foi dado a esses bancos “tempo para apresentar planos de capital, mas as instituições foram incapazes de oferecer soluções credíveis para seguir em frente”. Com isso, o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, argumentou que o socorro será vital para garantir que o lento crescimento econômico do país não seja prejudicado pela quebra dessas instituições.
De acordo com cálculos do ministro de Finanças da Itália, Pier Carlo Padoan, o valor total da operação pode chegar a 17 bilhões de euros, visto que será preciso injetar recursos para fornecer garantias para cobrir os empréstimos de má qualidade. Para ele, a ação não terá impacto sobre as finanças públicas e o plano do governo obedece às regras da União Europeia, mesmo que o bloco tenha orientado os Estados-membros a evitarem o uso de recursos públicos para ajudar instituições financeiras.
A notícia, no entanto, gerou um profundo otimismo na Bolsa de Milão, fazendo o índice FTSE-MIB fechar em alta de 0,81%, aos 21.001,95 pontos. O Intesa Sanpaolo, que receberá os ativos saudáveis dos dois bancos, avançou 3,52%, enquanto o Banco BPM ganhou 3,79% e o Unicredit valorizou 2,22%.
Enquanto as atenções na Itália estavam voltadas ao setor bancário, os investidores monitoravam, concomitantemente, a situação política no Reino Unido. Na manhã desta segunda-feira, o Partido Democrático Unionistas (DUP, na sigla em inglês) anunciou que fechou um acordo com o Partido Conservador, da premiê Theresa May, para formar um governo de coalizão no país.
Segundo o DUP, o pacto é baseado na segurança, na prosperidade e nas negociações do Brexit. O processo de saída, aliás, deu um novo passo, após o secretário britânico do Brexit, David Davis, dar mais detalhes da proposta do governo sobre os direitos dos cidadãos que moram no bloco (e vice-versa) depois que o divórcio for concluído. Na semana passada, May entregou um esboço do projeto para os líderes europeus durante a cúpula da UE em Bruxelas, mas a proposta não agradou aos europeus.
Tendo a política como pano de fundo, o índice FTSE-100, da Bolsa de Londres, fechou em alta de 0,31%, aos 7.446,80 pontos. Entre os bancos, o HSBC subiu 1,20%; o Barclays valorizou 1,19%; e o Royal Bank of Scotland ganhou 1,71%.
Na Alemanha, foi conhecido o índice de sentimento das empresas IFO, que subiu de 114,6 em maio para 115,1 em junho. Com a elevação, o indicador da maior economia europeia renovou pelo segundo mês consecutivo a máxima histórica e voltou a surpreender analistas do mercado financeiro, que previam redução para 114,4. O índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou em alta de 0,29%, aos 12.770,83 pontos. O Deutsche Bank avançou 0,94% e o Commerzbank ganhou 2,16%.
Em Paris, a Total operou em alta durante todo o pregão, mas abandonou os ganhos próximo ao fim da sessão, fechando em queda de 0,01%, acompanhando os preços do petróleo. O índice CAC-40 fechou em alta de 0,56%, aos 5.295,75 pontos. Entre os bancos, o Société Générale avançou 1,07% e o BNP Paribas ganhou 0,16%.
Em Madri, o índice Ibex-35 fechou em alta de 0,62%, aos 10.696,60 pontos; enquanto o índice PSI-20, da Bolsa de Lisboa, avançou 0,65%, aos 5.234,67 pontos. (Com informações da Dow Jones Newswires)