O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ressaltou nesta quinta-feira, 29, que a meta de inflação de 4,25%, para 2019, “já está lá”. “Para a meta de 2020 (de 4,00%), esperamos que (a inflação) convirja, sim. Obviamente, dependerá da política monetária, mas a expectativa é que haja convergência”, disse.
Ilan afirmou ainda que a comunicação sobre a meta vai ser adaptada nos documentos do Banco Central. Essa adaptação vai ser estudada a partir de agora, tendo como norte o fato de o horizonte ter sido expandido para três anos à frente.
“Estamos caminhando bem na expectativa de inflação. Identificamos que a trajetória definida nesta quinta é gradual, consistente e sustentável, já levando em conta situação que vivemos hoje”, acrescentou Ilan Goldfajn, ao falar sobre como conciliar uma meta mais baixa com as perspectivas de não aprovação da Reforma da Previdência no curto prazo.
Aperfeiçoamento
O presidente do Banco Central afirmou também que o Conselho Monetário Nacional (CMN) trouxe nesta quinta, basicamente, uma mudança estrutural, de aperfeiçoamento das metas de inflação, e uma definição para as metas de 2019 e 2020. “Sobre a questão estrutural, pretende-se alongar os horizontes de todos os agentes. Definir uma meta de três anos à frente significa ter três grandes benefícios”, comentou.
O primeiro, segundo ele, está ligado ao planejamento da sociedade. “Alongar o horizonte permite balizar as expectativas de inflação em prazos mais longos”, disse Ilan. “Segundo, com expectativas ancoradas, a economia pode almejar ter juros de longo prazo mais baixos. E terceiro, se as expectativas estão ancoradas, podem ser acomodados mais facilmente choques de curto prazo.”
Ilan lembrou que a maioria dos países tem metas em horizontes até mais longos. “A política econômica tem condições inflacionárias necessárias e a credibilidade necessária para se comprometer com essas metas de inflação”, acrescentou Goldfajn, para que a nova dinâmica levará a redução gradual e consistente da inflação ao longo do tempo.
Permanência no governo
Questionado se, à luz da atual crise política e da possibilidade de mudança de governo, seguirá na presidência do Banco Central e com a atual política monetária, Ilan Goldfajn foi enfático: “Sim e sim.”
“O BC é uma instituição que preza por autonomia e portanto se mantém olhando para o médio e longo prazo”, respondeu. “O presidente do BC está neste contexto no qual trabalhamos para a economia brasileira e para o País”, completou o presidente da autoridade monetária.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acrescentou que a equipe econômica trabalha com “o cenário colocado e não com hipóteses”. “Estamos cumprindo o nosso mandato, trabalhando com foco e vamos continuar a fazê-lo. Cabe ao presidente da República a nomeação dos seus ministros e, estando no cargo, todos estão fazendo o seu trabalho”, concluiu.