O Departamento Econômico do Itaú Unibanco revisou de 3,7% para 3,3% a sua projeção de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017, informou nesta segunda-feira, 3, a instituição por meio de relatório enviado a clientes pela manhã. Para os economistas do banco, a maior parte da revisão ocorreu nas projeções para alimentação e combustíveis, refletindo dados mais favoráveis na margem, bem como ajustes no cenário para alguns preços agrícolas e petróleo.
“No acumulado dos últimos 12 meses, prevemos recuo da inflação para 3,1% em junho e 2,8% em setembro, atingindo um piso de 2,5% em agosto”, preveem os economistas.
Para o ano de 2018, eles reduziram ligeiramente a projeção para a inflação de 4,1% para 4%, com um pequeno ajuste na estimativa para os preços administrados.
A inflação menor, segundo os economistas, abre espalho para ciclos mais longos de queda da Selic. Segundo os economistas, diante da elevada incerteza prevalecente no Brasil, eles ainda acreditam em um corte de 0,75 ponto porcentual, levando a Selic a 9,5% na reunião de 25 e 26 de julho, em vez de uma redução mais agressiva.
“No entanto, decepções adicionais com a recuperação da economia e surpresas inflacionárias benignas podem convencer o Copom a optar por manter o ritmo mais acelerado de flexibilização, em especial se a incerteza política arrefecer e as reformas voltarem a avançar”, disseram. Para este ano, o banco manteve a previsão da Selic em 8%, mas reduziu a 7,50% ao ano em 2018.
Para o câmbio, o banco manteve sua projeção em R$ 3,50, mesmo reconhecendo a piora da crise política. “Apesar das incertezas políticas, o real seguiu flutuando em uma banda estreita. A taxa de câmbio flutuou entre R$ 3,25 e R$ 3,35 por dólar ao longo do último mês. Os eventos políticos elevaram as incertezas sobre a aprovação de reformas, mas o risco país tem se mantido em patamares comportados”, afirmam os economistas do Itaú Unibanco.
A principal contribuição para esse comportamento do câmbio vem do cenário internacional, que segue bastante favorável para ativos de risco, garantindo uma boa performance das moedas emergentes. Por outro lado, o cenário internacional deve seguir benigno por certo tempo, mas a redução paulatina de estímulos monetários globais deve pressionar moderadamente as moedas emergentes.
O déficit em conta corrente segue recuando, principalmente em virtude do bom resultado da balança comercial. Acumulado em 12 meses, o déficit recuou para US$ 18 bilhões, ou 1% do PIB. Do lado do financiamento, o investimento direto no país segue robusto, flutuando entre US$ 80 bilhões e US$ 85 bilhões desde o início do ano e cobrindo, múltiplas vezes, o déficit em conta corrente.
“Revisamos as nossas projeções de contas externas para os próximos anos. Por um lado, a revisão para baixo dos preços de algumas commodities exportadas pressiona a balança comercial em 2018. Por outro, os dados recentes mostram despesas com lucros e dividendos menores do que o esperado”, dizem, acrescentando que a resultante dessas forças aponta para um déficit em conta corrente menor, apesar do resultado comercial mais fraco.
“Projetamos superávit comercial de US$ 60 bilhões em 2017, e de US$ 47 bilhões em 2018 (ante US$ 50 bilhões). Para a conta corrente, projetamos déficit de US$ 19 bilhões em 2017 (ante US$ 23 bilhões), e de US$ 37 bilhões em 2018”, afirmam.