O gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, afirmou nesta sexta-feira, 7, ao Broadcast que a queda na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) foi o principal fator para a redução nas projeções da entidade para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Segundo ele, a economia está pronta para reagir, mas há altos níveis de ociosidade na indústria e, em especial, no setor de construção, responsável por cerca de 60% da FBCF.
“A recuperação que esperávamos não está sendo sinalizada mais”, pontuou Castelo Branco. “Os projetos de infraestrutura ainda não demonstraram força. E ainda não há reação da construção na área imobiliária. Temos que lembrar que o programa Minha Casa, Minha Vida tem sido reduzido em termos de desembolso”, avaliou.
No Informe de Conjuntural publicado nesta sexta, a CNI atualizou suas projeções para os principais indicadores da economia brasileira em 2017. A alta prevista para o PIB no ano foi de 0,5% para 0,3%, enquanto o cálculo do PIB da indústria passou de 1,3% para 0,5%. No caso da FBCF – uma medida de investimentos produtivos -, a CNI alterou a projeção de 2017 de alta de 2,0% para recuo de 2,7%.
“O setor habitacional se ressente muito da confiança do consumidor”, lembrou Castelo Branco. De acordo com ele, a agenda de recuperação também está mais lenta, “muito dependente da reforma da Previdência”. “A questão política mais recente traz um receio quanto ao andamento da reforma”, disse.
Para Castelo Branco, a crise política ainda não contaminou a economia de forma expressiva. “Talvez a confiança do empresário industrial tenha deixado de mostrar recuperação, mas a crise ainda não desidratou a recuperação”, pontuou. Este risco, porém, existe.
De acordo com Castelo Branco, mais do que a mudança ou não do atual governo, encabeçado por Michel Temer, a preocupação principal é com o andamento das reformas no Congresso – em especial, a da Previdência. “Pelo lado econômico, a economia está pronta para crescer. A questão é o fiscal”, disse.
Questionado a respeito do impacto de um adiamento, para 2019, da reforma da Previdência, Castelo Branco afirmou que “uma frustração grande pode, sem dúvida, afetar a visão dos investidores e dificultar o processo de recuperação do investimento”.