Economia

Consenso em torno de Rodrigo Maia e exterior conduzem dólar para baixo

Em meio à melhora na confiança econômica com a deflação no IPCA de junho, o debate em torno do destino do presidente Michel Temer ganhou força, após o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), fazer um aceno na quinta-feira, 6, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo especialistas, o nome de Maia tem agradado ao mercado, embora a cautela ainda determine um volume mais baixo de operações. Com isso, o dólar encontrou espaço para cair ante o real nesta sexta-feira, 7, amparado também pelo dado de emprego misto nos EUA.

“O mercado está começando a ter consenso em torno de Maia, após a inclinação de Tasso. O dado de inflação de hoje reforçou a confiança na economia e, com o mercado confiante na manutenção da equipe econômica e substituição de Temer, tiraria a incerteza política do caminho”, pontuou o diretor de câmbio da Abrão Filho, Fernando Oliveira. A inflação medida pelo IPCA fechou junho com baixa de 0,23%, ante uma variação de +0,31% em maio. Foi a primeira deflação desde 2006.

Oliveira destaca que a fala de Tasso ontem, afirmando que, se a denúncia contra Temer passar na Câmara, Maia teria condição de juntar partidos com mínimo de estabilidade, “mostra que a articulação já está sendo feita para ter um consenso no Congresso para aprovação das reformas”.

Pela manhã, Maia escreveu em seu Twitter sobre as reformas estruturais, o maior foco do mercado. “Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos Previdência, tributária e mudanças na legislação de segurança pública.”

O sócio e gestor da Absolute, Roberto Serra, também viu uma leitura mais otimista do mercado sobre o quadro político como principal vetor de queda do dólar hoje. No entanto, ele lembrou que o clima não deve ser tão fácil, uma vez que “Temer não vai entregar os pontos de graça, o que pode gerar um embate e piorar a crise política”, acrescentando as incertezas com o eventual governo e rebaixamento do rating do País a caminho.

O exterior também contribuiu para a queda do dólar, depois de dados mistos de emprego nos EUA. Embora o país tenha criado 222 mil vagas em junho, acima da previsão de 174 mil, o ganho salarial (+0,15%) ficou novamente abaixo da projeção (+0,30%), o que demonstra fraqueza para a retomada da inflação. “Com este cenário, devemos ter apenas mais um aumento de juros nos EUA (neste ano). Um outro aperto monetário poderá vir apenas quando os salários aumentarem para gerar inflação”, explicou Serra, da Absolute.

No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,48%, aos R$ 3,2837. O giro financeiro registrado somou US$ 695 milhões. Na mínima, ficou em R$ 3,2711 (-0,86%) e, na máxima, aos R$ 3,3074 (+0,23%).

No mercado futuro, o dólar para agosto caiu 0,53%, aos R$ 3,2990. O volume financeiro movimentado foi de US$ 14,86 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,2870 (-0,88%) a R$ 3,3240 (+0,22%).

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