O dólar fechou em alta em dia de ajuste, nesta quinta-feira, 27, após a queda acentuada na sessão de ontem, acompanhando o movimento no exterior, pautado ainda por cautela interna diante da questão fiscal do País, com os investidores se preparando para a volta do recesso parlamentar.
No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,29%, aos R$ 3,1528. O giro financeiro somou US$ 2,07 bilhões. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1424 (-0,04%) e, na máxima, aos R$ 3,1594 (+0,49%).
Após a queda generalizada do dólar na sessão anterior, refletindo a afirmação do Federal Reserve (Fed) de que começará a redução de seu balanço patrimonial “relativamente em breve”, o dólar encontrou espaço para subir. “O dólar atingiu um patamar ontem que abriu oportunidade de compra para quem tinha obrigações em moeda estrangeira”, disse o gerente de mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti, acrescentando que, com os juros dos Treasuries em alta, a pressão de fluxo de saída do País aumentou.
O diretor de câmbio da Abrão Filho, Fernando Oliveira, observou também cautela com o cenário interno, principalmente em torno da possibilidade de aumento do déficit da meta fiscal. “O mercado está vendo que não adianta fazer PDV (Programa de Demissão Voluntária) ou ajustes menores se não atacar o principal problema, que é a reforma da Previdência.” Segundo ele, já se admite uma elevação de R$ 20 bilhões no déficit fiscal. “Nos últimos 12 meses, o governo registrou déficit de R$ 182 bilhões, muito acima da atual meta de déficit de R$ 139 bilhões. O aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis acrescentará R$ 10 bilhões e devemos ter o mesmo valor com outros cortes do governo. Mas ainda faltarão R$ 20 bilhões para fechar a conta”, explicou o diretor.
Os especialistas de mercado atribuíram também a valorização do dólar ao compasso de espera dos investidores com a volta do recesso parlamentar (01/08) e, em seguida, votação da denúncia contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara, dia 2 de agosto. “Além do imbróglio político com a falta de consenso e de quórum em torno dos aliados de Temer, será importante observar que, caso a denúncia seja rejeitada, qual foi a margem. Se a margem for pequena, abre brecha para a aprovação de uma segunda denúncia e, assim, o enfraquecimento do governo”, pontuou Oliveira, da Abrão Filho.
Entre os fatores que limitaram a alta da divisa americana esteve o avanço do petróleo, que em uma semana já acumula alta superior a 4%, e a vitória do governo ontem em conseguir derrubar a liminar que suspendia o aumento dos tributos sobre os combustíveis.
No mercado futuro, o dólar para agosto subiu 0,46%, aos R$ 3,1550. O volume financeiro movimentado somou US$ 14,50 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1385 (-0,06%) a R$ 3,1610 (+0,65%).