O dólar ampliou as perdas nesta tarde de sexta-feira, 28, acompanhando o enfraquecimento da moeda no exterior depois que o presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari (com direito a voto nas reuniões de política monetária), disse que é contra aumentar os juros nos EUA até que a inflação esteja mais perto de 2%. A divisa americana já vinha em queda desde cedo em meio a dados abaixo do esperado da economia dos EUA e recuperação do petróleo – que teve o maior ganho semanal do ano.
De acordo com um gerente de mesa de derivativos, o dólar começou a se enfraquecer ainda mais após a fala do dirigente da instituição. Ele destacou ainda que o risco Brasil medido pelo contrato de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos recuava em torno de 0,30%, aos 214,134 pontos, “o que é uma queda considerável para um fim de semana e volta do recesso parlamentar na próxima semana”.
O dólar já vinha em queda desde cedo depois da divulgação de dados americanos mais fracos. O PIB dos EUA avançou à taxa anualizada de 2,6% no segundo trimestre, após ajustes, um pouco abaixo da previsão de alta de 2,7%. Além disso, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu 0,3% no segundo trimestre, na taxa anualizada, e o núcleo do índice avançou 0,9%, este último ficando bem abaixo da meta do Fed de 2%.
De acordo com o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado Neto, o dólar lá fora tem mostrado fraqueza em meio à perda de governabilidade do presidente americano, Donald Trump. Ontem, Trump perdeu mais uma vez na votação para aprovar seu projeto de saúde e revogar o atual Obamacare. “Esta forte derrota de Trump deverá forçar uma revisão nos cenários das projeções para os EUA, visto que a economia com o custeio de saúde deveria ser utilizada para compensar a redução fiscal prometida. Além disto, mostra que Trump não conseguirá cumprir as suas promessas de campanha”, disse o diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, em relatório.
Outro motivo, segundo os especialistas de mercado, que contribuiu para queda do dólar foi a retomada do petróleo, com o WTI em torno de US$ 50. Em uma semana, tanto o Brent quanto o WTI acumularam alta em torno de 7%, o maior ganho semanal desde o início do ano.
No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,59%, aos R$ 3,1342. O giro financeiro somou US$ 1,82 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1328 (-0,63%) e, na máxima, aos R$ 3,1602 (+0,23%). Na semana, a moeda americana registrou queda de 0,26%.
No mercado futuro, o dólar para agosto caiu 0,68%, aos R$ 3,1335. O volume financeiro movimentado somou US$ 12,89 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1330 (-0,69%) a R$ 3,1610 (+0,19%).