O Banco Central (BC) vê impacto limitado “até o momento” na trajetória da inflação decorrente do aumento das incertezas em relação ao ritmo de aprovação das reformas e os ajustes na economia.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu para 9,25% a taxa Selic, divulgada nesta terça-feira, dia 1º, o BC muda de tom ao retirar a avaliação anterior de que o aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural da economia.
Na ata desta terça, os membros do Copom avaliaram que a extensão do ciclo de flexibilização monetária, inclusive suas implicações para as taxas de juros vigentes ao longo de 2018, dependerá de fatores conjunturais: evolução da atividade econômica, das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019 e das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira. A ata ressalta que a evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia (principalmente das fiscais e creditícias) é importante para a queda da taxa de juros estrutural.
Na avaliação do BC, com as expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação ligeiramente abaixo da meta para 2018 e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico “prescreve” continuidade do ciclo de distensão da política monetária.
Próxima reunião
Os diretores do BC também debateram se deveriam sinalizar corte de 1 ponto porcentual ou redução menor do juro para a próxima reunião do Copom, em setembro. Após o debate, os membros do colegiado preferiram sinalizar corte idêntico ao anunciado na semana passada – mas desde que sejam mantidas condições do cenário macroeconômico.
“Debateu-se a conveniência de se sinalizar flexibilização adicional de mesma magnitude da adotada nesta reunião, versus uma flexibilização mais moderada”, cita a ata da reunião da semana passada divulgada agora pelo BC. Diante do debate, o texto afirma que os diretores do Banco Central decidiram indicar “uma possível flexibilização de mesma magnitude da adotada nesta reunião, mas que dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo”.
No documento, o colegiado repete a avaliação de que o ritmo dos cortes de juro continuará dependendo da “evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.
No parágrafo seguinte, os membros do comitê ressaltaram que as expectativas de inflação ancoradas permitem ao Copom “se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos que possam ocorrer ao longo do tempo”. Nesse trecho do documento, o BC repete a defesa de que o órgão deve identificar as razões de eventuais oscilações de preços relativos e que a política não deve reagir a esses fenômenos.
Para o Copom, a ação do colegiado “deve concentrar-se, então, em possíveis efeitos secundários de tais realinhamentos, que podem contribuir para mudanças nas projeções e expectativas de inflação”.